Ministro dos Negócios Estrangeiros em qualquer parte do
mundo. Já sobre as suas capacidades para ser Primeiro Ministro
da Guiné Bissau, as dúvidas crescem.
Em defesa de Sissoko é necessário reconhecer que este não é o
seu Governo. Tudo lhe foi imposto, e por todos. Pelo Grupo dos
15, pelo PRS e pelo próprio Presidente da República José Mário
Vaz. Ao aceitar liderar esta “manta de retalhos” governamental,
Sissoko confirmou a sua imensa ambição.
Sissoko é o oposto da estratégia “mon na lama” de José Mário
Vaz.
O Presidente quer alguém que apresente resultados, que
faça, que construa, que alimente. Sissoko prefere as viagens ao
estrangeiro em jactos privados, as fotografias com presidentes
mediáticos de outros países, as poses forçadas nas reuniões de
conselho de ministros que revelam uma liderança enfraquecida,
o lançar ordens e avisos sem qualquer consequência prática.
Foi assim com a ameaça de exílio para os Bijagós das crianças que
Foi assim com a ameaça de exílio para os Bijagós das crianças que
mendigam nas ruas, foi assim com a ameaça de detenção a
quem insulta os titulares de órgãos de soberania (Nuno Na Biam
já foi detido?), foi assim com a humilhante deslocação à sede do
PAIGC depois do assalto de 18 de outubro, de onde foi expulso
pelos militantes do partido perante a passividade das forças de
segurança no local, sem saberem o que fazer.
O culto da imagem de Sissoko começa na sua patente militar.
Sissoko diz que é General. Sissoko era um mero soldado durante
o 7 de Junho de 1998. Como soldado avisado, decidiu abandonar o país em convulsão para iniciar o seu trajecto pessoal de se tornar homem de mão de vários ditadores por essa África fora. Khadafi, Nguesso, Omar Bashir.
Patrões pouco recomendáveis mas de bolsos cheios e com poucas
preocupações face ao estatuto de desertor aplicado a Sissoko
pelo EMGFA após a sua saída da Guiné-Bissau.
Tornando-se útil para estes ditadores, Sissoko tornou-se útil
para a Guiné-Bissau. Para os sucessivos governantes
guineenses, Sissoko era a ponte para chegar aos líderes
africanos. Deixou de ser desertor e foi reintegrado nas FARP.
Daí para a frente, foi subindo na hierarquia militar, apesar de
não lhe ser conhecida qualquer frequência dos quartéis
militares guineenses, até chegar a coronel depois do Golpe de
Estado de 2012.
Mas de repente, Sissoko já não é só coronel, é um Primeiro
Ministro que se diz General. Todos aceitam esta promoção, mas
todos também têm dúvidas sobre quem é Sissoko na realidade.
À boca pequena os quartéis questionam: tem o Estado Maior
General das Forças Armadas provas da patente de General de
Sissoko? Se tem, como é que alguém que fez a sua vida fora do
país, fora dos quartéis, chegou a General? E se não tem as
provas, porque aceitou o CEMGFA Biague NanTam, sem
contestar, esta usurpação do bom nome dos militares
guineenses? E se Biague contestou, porque aceitou o Presidente
José Mário Vaz nomear como Primeiro Ministro um indivíduo
contestado formalmente pelas FARP?
Sissoko ser ou não General é o menor dos problemas da Guiné-
Bissau. Três anos de crise política, parlamento bloqueado, cinco
governos, quatro primeiros ministros. Um único presidente.
Fonte:http://e-global.pt/opiniao/rodrigo-nunes/sissoko/
Fonte:http://e-global.pt/opiniao/rodrigo-nunes/sissoko/