Armindo Tué Na Bangna, Bruma, entra em campo. Aparece de gorro, luvas, calças pretas, camisete branca de manga comprida e chuteiras vermelhas. O frio cortante não impede o treino dos jogadores. Estão dois graus negativos em Leipzig, no leste da Alemanha. O sol luta com o frio. E perde.
O estádio do RB Leipzig, equipa que está em segundo lugar na Bundelisga, o campeonato de futebol da Alemanha, acolhe o guineense que aos 12 anos de idade deixou o seu país para jogar futebol na Europa, mais precisamente em Portugal.
Quando chegou a Lisboa, Bruma sentia-se completamente só. E permaneceu assim durante alguns meses. Só falava crioulo, não tinha os amigos da Guiné-Bissau. Acordava de manhã, não saía para brincar, ficava sempre em casa.
O início em terras portuguesas foi pois difícil e controverso. Alguns dizem que ele foi rejeitado pelo Benfica. Mas a versão do próprio Bruma é diferente. "Eu estava na academia do Benfica, tinha dois amigos que jogavam no Sporting, o Bruno e o Antoninho. Estávamos sempre juntos. Eles acabaram por me convencer que a academia do Sporting era muito melhor e, na altura, era bem melhor mesmo. Então, fui para o Sporting. E foi lá que eu cresci", conta o jogador.
Percurso de conquistas
Pouco mais de dez anos se passaram. E também passaram as dores do início, a solidão, a saudade da família e amigos. Nesse período, o jovem jogou no Galatasaray e no Gaziantepspor, da Turquia, e no Real Sociedad, Espanha. O guineense também com nacionalidade portuguesa foi campeão na Turquia, Bota de Prata no Mundial sub-20, de 2013, e Bota de Bronze no Europeu sub-21, de 2017.
A visibilidade conquistada no mundial da seleção Sub-20, na Turquia, despertou o interesse em vários clubes. "Naquela época, apareceram muitos clubes interessados em mim. Tinha já um acordo com o Chelsea, mas mudei de ideias. Sabia que no Chelsea jogaria na equipa B e eu queria jogar na A. Escolhi o Galatasaray, da Turquia", lembra.
Na Turquia teve novos desafios. As dificuldades de adaptação acompanharam-no durante um ano. Quando estava a melhorar, uma lesão grave no joelho tirou-o dos relvados durante seis meses. Ainda que tivesse passado por muitos contratempos, o Real Sociedad, da Espanha, procurou-o. Bruma aceitou a proposta e seguiu, emprestado, para San Sebastián, uma cidade localizada no País Basco espanhol. Bruma conta que essa foi uma fase de grande evolução pessoal e profissional.
Arrogância, não!
O jogador continuou a evoluir. Mas o guineense tem fama de ter um temperamento difícil. "Quando as coisas começam a correr mal, ninguém me pode parar. Não gosto de ver a atitude arrogante de alguns jogadores, de pessoas que se acham melhores do que os outros. Eu gosto de lutar para colocá-las em baixo, porque elas não são melhores do que ninguém", reconhece Bruma. "Mas acho também que tenho estado a controlar, estou mais calmo", atenua o atleta.
Recomeçar na Alemanha
Há apenas cinco meses, o jogador chegou à Alemanha. Neste que é já o seu quarto país, o atleta ambidestro joga tanto como lateral esquerdo quanto direito e ainda aparece, muitas vezes, como avançado no clube alemão.
A ascensão de Bruma no futebol tem sido tão rápida quanto ele em campo. O jogador confessa que é ambicioso. "Espero ganhar mais. Quero ganhar títulos aqui no RB Leipzig, essa é a minha principal meta agora", afirma decidido um dos mais novos jogadores do clube que pagou cerca de 12 milhões de euros pelo seu passe.
O RB Leipzig é muito criticado na Europa por pertencer à empresa austríaca de bebidas energéticas Red Bull, mas Bruma nao vê as coisas pelo prisma negativo. Segundo ele, o clube ofece uma estrutura de qualidade, tem uma das academias mais modernas do continente europeu. Bruma acredita que a equipa já conquistou o respeito dos outros clubes. "Temos feito um bom trabalho. As coisas estão a correr bem e vão continuar assim", pontua.
As origens na Guiné-Bissau
Olhando para trás, Bruma considera que tem hoje uma vida boa. Mesmo assim, gostaria de regressar a casa, a Guiné-Bissau. Talvez o feitio difícil do jogador esteja relacionado aos percalços que teve na vida. Órfão de pai, ele teve uma infância pobre. Não dava grande importância ao futebol e vivia atrás da mãe.
"Infelizmente, não conheci o meu pai como devia ser. Jogava futebol na minha rua, com meus amigos, sem pretensão nenhuma. Uma dia, um homem, que hoje considero como meu pai (o empresário Catió Baldé), viu-me jogar. Disse que eu era muito bom. E, com 12 anos, levou-me para Portugal", relembra Bruma.
Bruma diz que gosta de ser simples e sincero. Considera-se uma pessoa de sorte, uma vez que, na Guiné-Bissau, existem muitos miúdos talentosos. "Se os miúdos de lá continuarem a acreditar, um dia podem chegar à Europa, podem fazer muito melhor do que qualquer um dos grandes nomes do mundo do futebol. Eles têm que acreditar, trabalhar muito, têm que se esforçar e tudo vai correr bem", remata otimista o jogador guineense.
Guinendade/DW
FORÇA, FORÇA, FORÇA BRUMA!
ResponderEliminarINFELIZMENTE, EU NÃO GOSTO NADA DE CATIÓ BALDÉ. O GAJO É UM EXPLORADOR/OPORTUNISTA E FALSO ACIMA DE TUDO!!!
Parabéns e força ao nosso Bruma.
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