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terça-feira, 1 de maio de 2018

OPINIÃO: GOVERNO "POSSÍVEL" NO PAÍS IMPOSSÍVEL

Photo de Braima Darame.
Se é questionável o relativismo da credibilidade tecnocrática do recém-constituído Governo, cuja missão circunscreve-se essencialmente na condução e realização do processo eleitoral, bem como, na gestão corrente dos assuntos administrativos do Estado, não há como negar que este cepticismo está relacionado com o escandaloso défice do diálogo entre os “senhores” do poder. Algo demonstrado, uma vez mais, durante todo o processo de negociações para a constituição do novo Executivo, liderado por Aristides Gomes.
Basta notar que foi determinante a investida diplomática da CEDEAO, para consolidar o aparente entendimento entre o PAIGC e o PRS, as duas maiores formações políticas guineenses que, de certa forma e dissimuladamente, expressaram na última instância desta crise, a tal “unanimidade” que mata a democracia.


Isso explica a votação concorde destes dois partidos, a Lei de Prorrogação da IX Legislatura, assim como, a eleição do Corpo Dirigente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), apesar de, per si, não constituírem um acto inédito durante os sucessivos antagonismos de posições que marcaram o país, desde 2015, com a demissão do Governo, liderado por Domingos Simões Pereira, Presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
O “possível” deste Governo é o facto de representar todos os “guerreiros” envolvidos nesta forjada e ferrenha contenda política, deixando apenas de fora os sancionados, que tanto insistiram para o integrar. As regras impostas pela CEDEAO, resultado da dinâmica negocial, e os acordos fechados às escuras, não deram qualquer margem de manobra para que os “sancionados” integrassem o elenco governativo.

Ainda nas contas deste Governo “possível”, emergido de um egoísmo político exacerbado e egocentrismo crónico da classe dirigente guineense, há uma espinha solta, a qual, é evidenciada no facto do primeiro-ministro, Aristides Gomes, ser forçado a assumir, cumulativamente, a pasta da Economia e Finanças, face a discordância de posições entre o Presidente da República, José Mário Vaz, e o PAIGC, que, à luz do acordo politico, entre o partido libertador e o PRS, é o detentor da referida pasta. Ora, não há como desmentir que este dado revela o quanto ainda estão activas e tensas as linhas de resistência de alguns sectores políticos, em relação ao “forçado” clima de pacificação política em curso, rumo às eleições legislativas de novembro de 2018.

À vista desarmada, alguém – o povo – diria que tudo está ultrapassado. Mas, não passaria de uma constatação imaginária, se é que o Presidente da República, enquanto mestre, ou seja, o pivot de todas as jogadas, ainda não se considera contido no seu desejo de controlar toda a administração Estatal, o que, à luz do sistema político vigente na Guiné-Bissau, vai continuar a ter uma oposição clara e resistente, facto que, aliás, conheceu durante estes os últimos três anos, durante o seu esforço de presidencializar o sistema politico guineense. Aliás, a nomeação de Botche Conde ao posto do Ministro Estado na Presidência da República - caso inédito - o confirma.
Entretanto, numa outra nota, é importante recordar que aí vêm as “renhidas eleições”. Consequentemente, os actores políticos guineenses tornar-se-ão, outra vez, mal-agradecidos, ao estilo comum, traduzidos assim numa classe carregada de exageradas ambições, mesmo que isso custe a vida de alguém ou que perturbe a vida social. O relevante, para estes, é ter o poder que, porém, jamais conseguiram e conseguem gerir, pelo sabor de traição, egoísmo e ganância.
E ainda, na perspectiva das eleições legislativas que se avizinham, esperemos que a tal “unanimidade”, desde que não mate a democracia, domine a vontade e o espírito dos políticos, se é que vamos poder evitar polémicas e conflitos pós-eleitorais, em virtude das tradicionais rejeições dos resultados, mesmo sendo declarados livres, justos e transparentes.
Que estes “políticos”, ao menos, dêem tréguas aos guineenses que precisam de respirar aromas de estabilidade, mesmo que seja num instante; Que tenham – os políticos – a vergonha dos seus filhos – crianças – e das mulheres que tanto têm sofrido com a assumida desintegração social e económica da Guiné-Bissau deitando fora o valor da dignidade humana e do respeito pelo outrem. Só assim poderemos fazer voltar aos lares, aqueles sorrisos que animavam pais e filhos e que garantiam a autoridade na família.
Contudo, num país que hoje tornou-se “impossível”, em virtude da incompetência e, consequente, prevaricação de tudo que a Guiné-Bissau apresenta como sua vantagem comparativa...






Lassana Cassamá/ E-Global

2 comentários:

  1. O PAÍS É "IMPOSSÍVEL" PORQUE A MISÉRIA É TOTAL E A IGNORÂNCIA É ABSOLUTA!!! E ASSIM TEMOS UM PAÍS CHEIO DE PESSOAS INCONSCIENTES E POBRES DE ESPÍRITO!!!

    A ÚNICA SALVAÇÃO PARA O POVO GUINEENSE É COLOCAR AS PESSOAS COMPETENTES E CI-VI-LI-ZA-DAS NOS LUGARES DO RELEVO COMO NA PRESIDÊNCIA E NA PRIMATURA.

    ENQUANTO APOSTAMOS NAS PESSOAS QUE ACREDITAM NO "IRAN", NOS "MURUS" E NOS USOS E COSTUMES/CULTURAS ATRASADAS DOS AFRICANOS, E NÃO NAS PESSOAS COMPETENTES E CULTAS/CIVILIZADAS, ESQUEÇAM PORQUE NÃO VAMOS LADO NENHUM!!!

    ATENÇÃO! COMPETÊNCIA E CIVILIZAÇÃO NÃO TÊM NADA HAVER COM SER BRANCO OU OUTRA COISA DIFERENTE DO SER ÁFRICANO.

    COMPETÊNCIA É SABER-FAZER
    CIVILIZAÇÃO É SABER-SER E ESTAR

    MISTURAM TUDO PÁ! BANDOS DE FILHOS DA PUTAS, AFRICANOS DE MERDA!!!

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  2. Lassana ,estas eleicoes ,como tantas outras ja feitas nao vao resolver nada de novo ,basta ver q entre os grandes (paigc e prs )nenhum deles vai ganhar com a maioria qualificada de 2/3 e ,naturalmente voltaremos a mesma lenga lenga de sempre : coligacao .

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