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sábado, 4 de agosto de 2018

NOTICIAS AO MINUTO: SOBREVIVENTES DE ‘3 DE AGOSTO’ SENTEM-SE ABANDONADOS PELO ESTADO

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Os sobreviventes do ‘Massacre de Pindjiguiti’ sentem-se abandonados pelo Estado da Guiné-Bissau, 59 anos depois do acontecimento no Porto de Pindjiguiti, um incidente que resultou na morte de 50 marinheiros guineenses que reivindicavam melhores salários e condições de trabalho. 

A comemoração do 59.° Aniversário do ‘Massacre de Pindjiguiti’ ocorrido no dia 03 de Agosto de 1959, iniciou com uma marcha da Praça dos Heróis Nacionais (Praça do Império) a Praça Mártires de Pindjiguiti (Mon di Timba), onde os governantes e sindicalistas depositaram coroas de flores e de seguida o grupo teatral ‘Estudos Africanos’ recordou através duma peça de teatro os motivos que resultaram no Massacre de Pindjiguiti de 1959, culminando em morte dos trabalhadores guineenses da Casa Gouveia. 

Ainda na senda cultural, o grupo ‘Netos de Bandim’ fez exibição de algumas danças que caraterizam a cultura guineense, alegrando o público presente na Praça dos Mártires de Pindjiguiti. O presidente da Assembleia Nacional Popular, Cipriano Cassamá enfatizou a forma como a cerimónia comemorativa de 03 de Agosto de 2018 espelha a união que se vive entre os guineenses ao contrário dos últimos anos, nos quais sempre havia uma parte ausente, acrescentando que neste ano todos abraçaram o ato de homenagem aos ‘Mártires de Pindjiguiti’. 

Cipriano Cassamá disse que a melhor homenagem aos ‘Mártires de Pindjiguiti’ é a unidade de todos os guineenses. Por outro lado, o líder do Parlamento aplaudiu o acordo de princípio alcançado entre o Governo e a União Nacional dos Trabalhadores da Guiné Central Sindical (UNTG), assim como na definição de salário mínimo em 50 mil francos CFA,  aplicação marcada para o próximo mês de Setembro. Por seu lado, o Ministro da Função Pública, Reforma Administrativa e Trabalho, Fernando Gomes começou a sua intervenção lamentando a forma como as forças coloniais lusas usaram a força brutal contra os operários que reivindicavam pacificamente o aumento dos seus salário 

Fernando Gomes fez o paralelismo com a situação ocorrida em 1959, para dizer que o Governo liderado por Aristides Gomes ao contrário de atitude das forças coloniais que enveredaram-se em reprimir, o Executivo em que faz parte ‘aceitou com naturalidade as exigências’ dos funcionários em fazer reajuste salarial no aparelho do Estado da Guiné-Bissau. Gomes sublinha ainda que com a nova grelha salarial, alerta que qualquer país só é construído com base no trabalho e sacrifício. 

Gomes apela a todos os guineenses para abraçarem o combate à corrupção no país, apontando os que apelida de ‘malfeitores’ que na sua visão roubam milhões e milhões de francos CFA do Estado, alertando que se isso não acontecer pode reduzir o Estado da Guiné-Bissau num mero pagador de salários e sem condições para responder as outras necessidades para o desenvolvimento. Para o Secretário-geral da UNTG, Júlio Mendonça, já passaram 59 anos sem que os companheiros daqueles que tombaram no Massacre de Pindjiguiti, não sentiram a presença do Estado e vivem sem proteção. 

O líder da maior central sindical do país afirma que até agora o Estado da Guiné-Bissau pratica os mesmos salários ‘miseráveis’ que se praticava em 1959 pelos colonos portugueses. Mendonça disse que os atuais dirigentes nada fizeram para que o país possa superar a administração de 1959, apelando a união entre os guineenses, assim como colocar os interesses da Guiné-Bissau em primeiro, segundo e terceiro lugar. 

O líder da UNTG deixou claro que a sua central sindical continuará sempre na luta pela melhoria de condições de vida dos trabalhadores guineenses, enfatizando o acordo alcançado com o Governo na adoção de uma nova grelha salarial na administração pública nacional. 

A deceção dos sobreviventes do ‘uso de força letal’ dos colonos portugueses sobre os operários guineenses no dia 03 de Agosto de 1959 foi espelhada no ato oficial em Bissau, pelo conselheiro da Associação dos Veteranos de Pindjiguiti e igualmente sobrevivente do massacre, António Gomes (vulgo Tio N’toni), velho de 90 anos de idade, que na ocasião afirmou que nunca receberam um tostão da parte do Estado, lamentando que os governantes lhes usam apenas nas celebrações oficiais de 03 de Agosto.







ODemocrata

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