![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixYq62n82Tx5QIavZZMdFqRzynVMY-FM-lzQQgWgnvTPt4xzVY6GS6s7VO0LrGIIXh1YBkHE7VIc91PVZGp9N5fr91SlhZXMceTnGEOiJIgjBVoD1hpQmTMjk2RHUtS6ZZhAwNsMIdXLU/s400/OTHER287170_Articolo.jpg)
No ano 2000, na sequência da guerra de 1998 na Guiné-Bissau, o Bispo de Bissau pediu a Filomeno Lopes ajudar no processo de reconciliação, mesmo com uma canção que pudesse passar na rádio e animar as pessoas neste sentido. A ideia inicial era servir-se da figura da Virgem Maria, para, em analogia ao "Bambaran" (pano materno muito usado na Guiné) recordar a todos que somos filhos da mesma mãe e há que viver como irmãos. Mas tendo em conta que durante a guerra muitas mulheres foram, por vezes, obrigadas a prostituir-se com o inimigo para salvar a vida a muitos familiares, achou que a figura de Santa Maria Madalena era mais adequada. Nasceu assim a canção "Djorçon de Madalena", para sublinhar a responsabilidade de todos na sociedade. Uma canção em que tentou evitar uma certa visão, então dominante, de Mariologia. Tentou igualmente unir o aspecto religioso às teorias e acções de Amílcar Cabral que permitiram às populações da Guiné-Bissau e Cabo Verde unir-se para combater o mal colonial e chegar à independência.
Quanto à decisão do Papa de elevar a Memória de Santa Maria Madalena a Festa litúrgica, Filomeno considera que se trata de um gesto corajoso da parte de Francisco e que abre caminho para uma reflexão teológica mais centrada no feminino. É que ao longo dos anos houve a tendência a considerar tudo numa óptica patriarcal, esquecendo o feminino na História.
Mas - sublinha ainda Filomeno - Misericórdia significa justiça e isto implica justiça em relação à mulher, corrigindo os males que lhe têm sido infligidos por ser mulher.
Aprecie essa bela e rítmica canção, cantada pelo Filomeno e pela Cecília Monteiro, num crioulo genuíno da Guiné-Bissau, e os pormenores da ideia que está na base da sua composição. É na rubrica "África. Vozes Femininas" desta semana, dedicada a Santa Maria Madalena, modelo de diálogo e reconciliação para o mundo de hoje.
0 comentários:
Enviar um comentário