os cidadãos da Guiné Conacri que vivem e trabalham
aqui no nosso país. Infelizmente tem havido um estigma
em relação aos nanias. Muitos dizem que os nanias estão
a entrar com força e estão nos a tirar trabalhos. Em
primeiro lugar temos que reconhecer que nós neste país
somos especialistas na área do bate papo. O guineense
passa a vida toda a falar e no final de uma vida arrepende-se
porque é que não construiu casa, não teve um bom carro e
nunca foi para Portugal. Afirmam: In ka tené sorte na vida.
Deve ficar claro para todos que os nanias só fazem
o trabalho que nós devido a nossa perguiça recusamos
fazer. Hoje em dia quem é que está a engraxar sapatos
nas ruas de Bissau? Não são os nanias? Porque é que os
filhos de tchon não podem fazer isso. Quem é que está
a empurrar o carrinho de mão na feira de bandim? Não
são os nanias? Porque é que o filhos de tchon não podem
fazer isso? Quem é está nas oficinas para se sujar com
o oléo dos carros? Não são os nanias? Porque é que os
filhos de tchon não podem fazer isso? Quem é que faz
venda ambulante? Não são os nanias? Porque é que os
filhos de tchon não podem fazer isso ?
A verdade é que os nanias estão em todos os trabalhos
que os filhos de tchon subestimaram. Ki tarbadjus ku nô
n´djuti kila kelis é ta bai busca. A Guiné-Bissau virou
America para os nanias, senegaleses mauritanianos,
nigerianos e para os filhos de tchon virou um inferno.
Porquê? Porque o guineense é perguiçoso. Amontón ku
mas txiu néss terra li. Os jovens passam a vida toda nas
bancadas a falar de politica como se fossem politicos.
Porque é que não se levantam ? Dizem: kureeedaaaaaa
ami ku na bai pintcha carreta na fera di bandim? Nunca!
Por outro lado os nanias estão a entrar porque existe um
acordo da CEDEAO de livre circulação de pessoas e bens.
Se a Guiné-Bissau não quiser fazer parte da CEDEAO
então que saia e vai ver se a CEDEAO vai ficar mais pobre.
No entanto devemos reconhecer que o controlo fronteiriço
é muito débil. Portanto, temos que parar de criticar ou de
diabolizar o estrangeiro por tomar conta do trabalho que
nós mesmos recusamos fazer. Nanias ka bai gabinete de
ninguim pa bai tiral lá. Mas espaços vazios tem que ser
ocupados. O nosso problema é a nossa pobreza de
espírito. Anôs i coitadi nô na murri coitadis né terra.
Mariama Djaló
(Filha de Nania bem formada
e que um dia poderá ser Presidente
deste país)
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