As diferenças de preços existentes de um país para outro são o motivo básico para o comércio.
Essas diferenças refletem, em grande medida, as diferenças nos custos de produção.
O comércio, por sua vez, serve para minimizar os custos reais dos recursos da produção face aos recursos mundiais.
Isso ocorre na medida em que o comércio permite encorajar os produtores de cada país a se especializarem em actividades económicas e que aproveitem, da melhor forma possível, os recursos físicos e humanos do seu país.
Por quê que os custos diferem de um país para outro?
Como é que a Guiné-Bissau consegue produzir castanha de caju mais barato que o Senegal?
Muitas pessoas responderiam que a Guiné-Bissau apresenta custos mais “baixos”, por que as taxas salariais são mais baixas e os salários representam uma parte importante dos custos.
Essa explicação parece, de certa forma, ser plausível e baseia-se em factos. Mas ela é inadequada. Se as taxas salariais fossem decisivas para as diferenças de custos de produção e do comércio, a Guiné-Bissau venderia mais “barato” que o Senegal, em todas as linhas de produtos e mercados.
No entanto, a Guiné-Bissau importa muitos produtos a partir de Senegal, i.e (cebolas, serviços informáticos, consultoria, produtos alimentares, produtos domésticos), etc.
As diferenças nas taxas salariais, por si só, não explicam os padrões do comércio. É preciso ir mais além para se encontrar a base do comércio.
Um fluxo recíproco duradouro de bens e serviços tem que refletir nas diferenças internacionais sistemáticas entre estruturas de custos e de preços.
Quando a produção de um determinado item (por exemplo: castanha de caju) é mais barata internamente, por isso esses produtos são exportados para outros países.
A produção de outros itens é mais barata no exterior, por isso eles são importados de outros países.
Essa generalização é conhecida como a “lei da vantagem comparativa” e pode ser colocada da seguinte maneira:
“Num mundo de mercados competitivos, o comércio ocorrerá e será benéfico sempre que houver “diferenças” internacionais nos custos relativos de produção”.
À esse propósito, o embaixador dos EUA na Guiné-Bissau anunciou um investimento de 33 milhões de Euros na fileira da castanha de caju, no âmbito de um projeto que inclui, também, a Gâmbia e o Senegal.
“A boa notícia é que o Governo norte-americano decidiu investir 33 milhões de Euros para fortalecer a cadeia de valor da castanha de caju na Guiné-Bissau, Senegal e Gâmbia”, afirmou Tulinabo Mushingi, à saída duma audiência com o presidente guineense, José Mário Vaz.
Segundo Tulinabo Mushingi, a empresa que irá executar o programa na Guiné-Bissau já está escolhida e o encontro com o chefe de Estado guineense serviu, entre outros assuntos, para pedir ajuda para o seu estabelecimento no país.
A castanha de caju é o principal produto de exportação da Guiné-Bissau, e é o motor do crescimento económico, observe cerca de 90% das exportações guineenses.
Contudo, a castanha de caju ainda não é transformada no país, de forma significativa.
Conforme os estudos realizados, a Guiné-Bissau podia ganhar “10 vezes mais” se aproveitasse o fruto e transformasse a castanha em amêndoa no próprio país.
Por conseguinte, a Guiné-Bissau tem exportado a sua castanha do caju “in natura”, pois as terras e a mão-de-obra de que é dotado permitem que aumente a produção desses produtos com o mínimo de sacrifício na produção de outros produtos.
Pode ser que a castanha de caju representa menos custos do que por exemplo: a produção de cebola, produtos alimentares, produtos domésticos provenientes do Senegal.
Mas, as diferenças de custos existentes entre os países variam, e a variação destas diferenças leva ao comércio benéfico e proveitoso, mutuamente.
É, por outro lado, importante reforçar que, do ponto de vista de acesso ao financiamento, a actividade comercial representa mais de 50% da carteira de crédito ao nível da UEMOA, ou seja, as nossas economias dependem, fundamentalmente, da dinâmica comercial e de serviços, no sector terciário.
Não obstante, o comércio intra-comunitário entre os países membros da CEDEAO se situar abaixo de 20%.
Significa que é preciso fazer muito mais trabalho, em prol das nossas promissoras economias.
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Por: Santos Fernandes
Bissau, 26/6/2018