O terceiro vice-primeiro-ministro da Guiné Equatorial, Alfonso Nsue Mokuy, disse hoje à Lusa desconhecer se o antigo Presidente da Gâmbia se refugiou no seu país, mas defendeu que essa possibilidade pretenderia evitar uma nova guerra em África.
Partidos da oposição na Guiné Equatorial criticaram nos últimos dias a decisão do Governo de acolher, no exílio, o ex-líder da Gâmbia, Yahya Jammeh, que deixou o país neste fim-de-semana, depois de 22 anos no poder.
O ministro equato-guineense, que hoje se deslocou a Lisboa para encontros sobre modernização administrativa, disse à Lusa não poder confirmar se Jammeh está na Guiné Equatorial, justificando que acabou de chegar de uma missão ao Peru e segue, ainda hoje, para Frankfurt, na Alemanha.
"É uma informação que também recebemos, mas há que explicar que o tema da Gâmbia estava quase a transformar-se numa guerra civil e África está cansada de guerras", afirmou o governante.
Alfonso Nsue Mokuy referiu que "se o Governo da República de Guiné Equatorial acreditou que a solução para evitar mais uma guerra em África era permitir que o antigo Presidente [Yahya Jammeh] estivesse na Guiné Equatorial, fê-lo conhecendo os ideais do pan-africanismo que encarna o Presidente" equato-guineense, Teodoro Obiang Nguema, no poder desde 1979.
"No caso de ter sido isso, teríamos sido movidos pelos valores do nosso pan-africanismo e do nosso humanismo", sublinhou.
Questionado sobre as críticas de partidos da oposição quanto a esta possibilidade, o terceiro vice-primeiro-ministro da Guiné Equatorial recordou que ele próprio é de um partido da oposição, coligado com o Governo liderado por Teodoro Obiang.
"Os partidos políticos e os seus representantes devem falar, criticar, para dizerem o que querem, o que é muito diferente de ser a realidade em determinadas circunstâncias", considerou.
Jammeh perdeu as eleições presidenciais, em dezembro passado, mas recusou sair do poder, na sexta-feira passada, o que obrigou o seu sucessor, Adama Barrow, a tomar posse no Senegal.
Jammeh, que esteve 22 anos no poder, a que acedeu através de um golpe de Estado, propôs-se a abandonar a presidência do país logo após a vitória eleitoral do adversário, Adama Barrow, mas depois mudou de ideias.
Inicialmente, aceitou a derrota no escrutínio de 01 de dezembro e felicitou publicamente o vencedor, Adama Barrow, candidato da oposição coligada, mas depois viria a ordenar ao exército que invadisse a sede da comissão eleitoral e contestando os resultados eleitorais junto do Supremo Tribunal.
Na sexta-feira passada, Adama Barrow assumiu o cargo numa cerimónia na embaixada gambiana no vizinho Senegal, depois de, à meia-noite, ter terminado o mandato de Jammeh.
Tropas do Senegal e de outros países da África Ocidental posicionaram-se então nas fronteiras da Gâmbia (um enclave no território do Senegal com acesso ao oceano Atlântico) com a intenção de forçar o Presidente cessante a ceder o poder, mas a saída de Jammeh do país, no sábado, pôs fim à crise política.
Lusa/Guinendade
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