Com a derrota dos grandes cartéis de drogas da Colômbia, como o de Medellín e o de Cali, e os duros golpes sofridos nos últimos meses pelo cartel de Norte del Valle, uma nova geração assumiu o narcotráfico no país, que continua sendo o principal produtor de cocaína do mundo.
Segundo o governo colombiano, agora há muito mais grupos de traficantes em atuação no país, apesar de nenhum ser tão grande
ou poderoso como chegaram a ser seus antecessores.
O tema está em debate a partir desta quarta-feira em uma reunião na cidade colombiana de Cartagena, na qual delegados de mais
de 20 países da América Latina e do Caribe discutem um plano de ação contra o narcotráfico.
"Agora os grupos são mais numerosos e menores", disse à BBC Mundo o diretor da Polícia Antinarcóticos da Colômbia, general
Álvaro Caro.
"Há pequenos líderes que estavam no
segundo escalão dos cartéis. Não mandam grandes toneladas de cocaína,
mas pequenas quantidades.
E os grupos de narcotraficantes estabeleceram laços
mais fortes com os cartéis mexicanos."
"Novos barões"
Segundo o correspondente da BBC Mundo em Bogotá Hernando Salazar, muitos dos novos barões das drogas na Colômbia são poucos
conhecidos.
Um deles é Daniel Rendón Herrera, conhecido como "Don Mario". Ele é irmão do comandante paramilitar Fredy Rendón, o "El Alemán",
atualmente na prisão.
O general Caro cita outros chefes do
narcotráfico, como Pedro Guerrero Castillo, conhecido como "Cuchillo",
Daniel Barrera
("El Loco"), Carlos Alberto Rentería ("Beto
Rentería"), Néstor Ramón Caro Chaparro ("Felipe"), Luis Henrique Calle
Serna ("Comba")
e Diego Pérez Henao ("Diego Rastrojo").
Os dois últimos, segundo o general, herdaram as rotas de Wilber Varela, o "Jabón", morto no início deste ano na Venezuela.
Varela havia se tornado o principal
chefe do cartel do Norte del Valle depois da prisão de Juan Carlos
Ramírez Abadía, o "Chupeta",
no Brasil, e de Diego Montoya ("Don Diego"), na
Colômbia, no segundo semestre de 2007.
Segundo o correspondente da BBC, após a morte de Varela, outros supostos líderes do cartel foram presos.
No entanto, vários deles ainda permanecem em liberdade, inclusive no exterior.
Disputa
"Não acredito que o Cartel do Norte del Valle tenha acabado por causa da queda de Varela e Don Diego", disse à BBC Mundo o
professor Gustavo Duncan, da Universidade de los Andes.
"Há muitos outros que também sabem traficar. Na zona onde operava (o cartel), muitos jovens querem ser narcotraficantes."
Segundo o general Caro, "cada vez que há um golpe contra um grande líder desses cartéis, ocorre uma disputa entre os membros
do segundo escalão para assumir o poder".
De acordo com o correspondente da BBC, nos últimos dias ocorreram vários crimes em cidades como Medellín e zonas da costa
do Atlântico atribuídos a disputas entre narcotraficantes.
O professor Duncan afirma ainda que "somente em 2003 se admitiu na Colômbia que os paramilitares eram narcotraficantes".
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