MENSAGEM
AOS TRABALHADORES
ALUSIVA
AO DIA 3 DE AGOSTO
Comemorou-se ontem o 58º aniversario do
massacre de Pindjiguiti, 3 de Agosto data em que o colonialismo Português
barbaramente assassinou os trabalhadores inofensivos que estavam simplesmente a
reivindicar os seus direitos salariais.
Queremos saudar a todos e dirigindo aos
trabalhadores guineenses, os votos de apreço e de admiração pela capacidade de
resiliência que têm demonstrado dia pós dia, na árdua luta pela sobrevivência a
que são injustificadamente sujeitos.
Para
a Confederação Geral dos Sindicatos Independentes, Central Sindical, este
efeméride, não representa apenas um ato de simbolismo ou de homenagem aos
mártires de pindjiguiti, mas sim,
deve constituir um momento de reflexão séria
sobre a vida dos trabalhadores guineenses, que na esperança infinita de
dias melhores, estão sendo ceifados diariamente, pela precariedade, doenças
evitáveis, atraso no pagamento de ordenados, ausência de protecção
laboral, salários insignificantes,
enfim, a classe trabalhadora guineense é vitima de uma autentica exploração por
parte dos empregadores, em especial do Estado.
Companheiros
A situação da classe trabalhadora na
Guiné-Bissau é deveras preocupante, na medida em que, além dos problemas
típicos da inexistência da politica do mercado de emprego, se depara também com
desafios estruturais que o país enfrenta a todos os níveis, em particular na
administração publica. Há muito que se
fala nas reformas no aparelho de Estado, porém se alguma coisa tenha avançado
em relação as aludidas reformas, nada de significante se viu na pratica. Tudo,
por causa das cíclicas disputas politicas
que visam única e exclusivamente servir os grupos de interesses
instalados.
O Estado na qualidade de principal
empregador é o primeiro incumpridor dos acordos e das normas que regem o quadro
laboral guineense. Ao Estado na verdade, falta uma visão estratégica para a
regulamentação, controle e reestruturação do mercado de emprego que reclama
medidas urgentes e eficazes para permitir que os trabalhadores não sejam tidos
apenas como um factor de produção mas sim, elemento fulcral do mercado de
emprego.
Estes
desafios serão mais explícitos, quando citamos casos de colapso total das
empresas nacionais de telecomunicação, Guinétel e Guiné-telecom, cujos
trabalhadores foram deixados à sua sorte, sem qualquer tipo de recursos para
garantir o sustento das suas famílias, apesar de inúmeras promessas dos
sucessivos governos. Outrossim, o Governo da Guiné-Bissau não tem sido capaz de
honrar os seus compromissos resultantes dos acordos celebrados com os
sindicatos, dando origem às greves permanentes na administração pública,
nomeadamente, o Estatuto de Carreira Docente e o acordo rubricado com o
sindicato de Oficiais de Justiça.
Por outro lado, a má campanha de caju que
se registou neste ano em curso, é agravada pela subida galopante de produtos de
primeira necessidade, mediante uma inércia total e de incapacidade absoluta do
Governo de facto liderado pelo Umaro Sissoco em virtude da promiscuidade entre
a classe política e empresarial. Esta situação veio retirar significativamente
aos trabalhadores guineenses e a população em geral, o poder de compra,
contribuindo assim, para o aumento paulatino de tensão social com consequências
imprevisíveis.
Como se não bastasse, o Governo da
Guiné-Bissau continua determinado em não apreender com os erros do passado, ou
seja, está a equacionar mais uma vez, a privatizaçãoda Administração dos Portos
de Bissau,sem qualquer plano estratégico, em particular de proteção dos
trabalhadores, à semelhança do que aconteceu com a Guine-telecom e a Guintel
que hoje, representam um fracasso total no processo de privatização de empresas
de capitais públicos e uma violação flagrante dos direitos dos trabalhadores
das respectivas empresas.
A privatização é um mecanismos
económico-financeiro que visa a reestruturação de empresas em situações
deficitárias com vista a melhorar o quadro laboral, nomeadamente a produção, a
produtividade e a situação laboral dos trabalhadores. Agora as iniciativas
obscuras e dirigidas apenas para caucionar o futuro de empresas para proveitos
pessoais, serão fortemente contestados pelos trabalhadores.
Já é tempo do Estado da Guiné-Bissau deixar
de ser o principal empregador porque é incompatível com o papel de regulador do
sistema. De igual modo, a descapitalização do sector privado e fortemente
endividado tem constituído o principal motivo de desemprego no país. Associado às ameaças de colapso do sector bancário,
se as medidas sérias e eficazes não forem accionados a curto prazo. Portanto, é
urgente que as autoridades nacionais comecem a encarrar com maior seriedade e
responsabilidade os desafios da classe trabalhadora guineense, abdicando de
discursos anacrónicos e de mera manifestação de intenção a que o povo e os
trabalhadores em particular já estão habituados.
Pois é imperativo a adoção de mecanismos
adequados para uma definição clara de politicas publicas voltadas para o
mercado laboral com vista a permitir o relançamento da economia, o descongestionamento
gradual do papel do Estado no mercado de emprego, a restruturação do sector
privado e a promoção de bem-estar social para a classe trabalhadora.
É a nossa firme convicção de que as medidas
ora anunciadas, não terão efeitos, se persistir a crise político-institucional
que tem assolado o país nos últimos anos. Para o efeito, é urgente que as
autoridades nacionais, em especial o Presidente da República
relance um novo processo de dialogo sério,
inclusivo mas respeitando sempre o quadro constitucional para a resolução definitiva da crise prevalecente
desde 2015..
Companheiros
A democracia e o Estado de Direito são dois pilares sobre os quais se assenta o
desenvolvimento humano e social de qualquer nação. Assim sendo, não se pode
construir uma sociedade plural e democrática com a restrição de liberdades
fundamentais dos cidadãos que legitimamente reivindicam as mudanças na condução
dos destinos do pais. Por conseguinte, a
Confederação Geral dos Sindicatos Independentes condena sem reservas a
suspensão das emissões da RTP e da RDP na Guiné-Bissau, bem como a proibição
abusiva de manifestações dos movimentos cívicos e juvenis nos últimos tempos.
Para concluir, gostaria de agradecer aos trabalhadores
guineenses que mesmo nas situações
adversas e precariedade absoluta, têm servido de forma exemplar o seu pais, com
determinação e espírito de sacrifício. Os meus agradecimentos, são igualmente,
extensivos aos órgãos de comunicação social que constituem um instrumento
determinante e imprescindível no
processo de consolidação da democracia na Guiné-Bissau.
Por fim, e imbuído dos ideias que nortearam
os mártires de pindjiguiti quero lançar um apelo à classe política, às
autoridades publicas e ao Governo em particular para fazer da sua agenda
prioritária, os superiores interesses nacionais porque só assim, lograremos a
construção de uma sociedade justa, igualitária e pacifica, onde cada um conta e
ninguém é deixado de lado.
Para este propósito a classe trabalhadora
está determinada em colaborar e trabalhar afincadamente para que de uma vez por
todas, os trabalhadores guineenses tenham acesso a um trabalho decente e a uma
vida digna.
Viva
os trabalhadores da Guiné-Bissau
Gloria
eterna aos martires de pindjiguiti
CLARO! OS SACRIFÍCIOS QUE OS ESTIVADORES E MARINHEIROS DO PORTO DE BISSAU FIZERAM NO DIA 3 DE AGOSTO DE 1959 NÃO VALEU ABSOLUTAMETE NADA. SIMPLESMENTE, DEU PRETEXTO PARA A CRIAÇÃO DE UMA NOVA CLASSE DE COLONIZADORES. COLONIZADORES DA TERRA QUE AINDA SÃO PIORES DO QUE OS PORTUGUESES!
ResponderEliminarNOS DIAS DE 3 DE AGOSTO DEVEMOS TODOS CULPAR JOÃO BERNARDO NINO VIEIRA POR SER A PIOR COISA QUE ACONTECEU NA VIDA DOS GUINEENSES!!!