O ministro da Comunicação Social da Guiné-Bissau, Vítor Pereira, disse que o fenómeno das notícias falsas no país disseminou-se de "forma monstruosa" e aumentou os níveis de desconfiança.
"É um fenómeno recente, assim como é a questão das novas tecnologias, Internet e Facebook. O fenómeno da globalização entrou de repente e faz parte do nosso dia-a-dia e os instrumentos desta natureza são difíceis de uma apropriação correta, adequada, num primeiro momento e daí que, na minha opinião, a questão das 'fake news' se tenha disseminado de uma forma monstruosa", disse à Lusa o ministro da Comunicação Social guineense.
Para Vítor Pereira, o fenómeno vai também afetar o "relacionamento entre os diversos atores na sociedade".
"A falta de alguma regulamentação faz com que os níveis de desconfiança, que já existiam e não eram muito baixos, estejam cada vez mais amplificados", sublinhou à Lusa sobre a realidade das ‘fake news’, a propósito da conferência que a agência e a Efe vão realizar no dia 21 de fevereiro, em Lisboa, sobre “O Combate às Fake News - Uma questão democrática”.
O ministro considerou que se estão a utilizar as redes sociais para publicar notícias falsas e que a gravidade é ainda maior "quando se trata de difamações e coisas que roçam a intriga e a falsidade".
"O fenómeno é complicado e as consequências ainda estão a ser medidas e nem sei como travá-lo, mas é complicado" até porque é global e afeta o mundo inteiro, afirmou.
Por outro lado, os políticos são os maiores aliados da desinformação. "É verdade, eu reconheço isto com muita mágoa, de que na realidade este tipo de instrumento é utilizado por alguns setores políticos para alguns aproveitamentos políticos. Isto é diário, é visível e presente no nosso quotidiano político", salientou.
Para Vítor Pereira, o grande problema nos últimos três anos, durante os quais a Guiné-Bissau viveu uma crise política permanente, está também relacionado com a incapacidade dos atores políticos de pensarem o bem comum.
Segundo o ministro guineense, o grande desafio passa por capacitar os jornalistas guineenses.
"Qualquer jornalista precisa de capitalizar os seus conhecimentos e felizmente vão existindo escolas com alguma competência ao nível do jornalismo e vamos tendo cada vez mais pessoas mais habilitadas, mas ainda falta muito e por isso faz parte da agenda política dos nossos governantes promover ações de formação", acrescentou.
As notícias falsas comummente conhecidas por ‘fake news’, desinformação ou informação propositadamente falsificada com fins políticos ou outros, ganharam importância nas presidenciais dos EUA que elegeram Donald Trump, no referendo sobre o ‘Brexit’ no Reino Unido e nas presidenciais no Brasil, ganhas pelo candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro.
O Parlamento Europeu quer tentar travar este fenómeno nas eleições europeias do final de maio.
LUSA
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