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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

OPINIÃO: POUCO A POUCO DIDINHO VAI CAINDO NA REAL E CHEGA A CONCLUSÃO QUE O PRESIDENTE JOMAV É UM GRANDE OBSTÁCULO A PAZ E ESTABILIDADE NO PAÍS. JOMAV DIVIDIU TUDO E TODOS MAS ACIMA DE TUDO SEMEOU A DESCONFIANÇA ENTRE OS IRMÃOS GUINEENSES

Por: Fernando Casimiro

Algumas questões ao Sr. Presidente da República da Guiné-Bissau

Sr. Presidente, qual é de facto o seu papel; quais são as suas competências constitucionais, face a tudo o que tem acontecido na Guiné-Bissau desde que assumiu a chefia do Estado?

A crise política e social é para manter até ao final da legislatura?

Assume que de facto tem cumprido com o seu juramento de tomada de posse, ao abrigo do Artigo 67º da Constituição da República da Guiné-Bissau?

“Juro por minha honra defender a Constituição e as leis, a independência e a unidade nacionais, dedicar a minha inteligência e as minhas energias ao serviço do povo da Guiné-Bissau, cumprindo com total fidelidade os deveres da alta função para que fui eleito”.

Sr. Presidente da República, Dr. José Mário Vaz, por que razão apresentou 3 nomes para Primeiro-ministro, quando já tinha um Primeiro-ministro e um Governo em funções ainda que sem a necessária legitimidade parlamentar, consequente da não apresentação e discussão do Programa do Governo e do Orçamento Geral do Estado, por via do bloqueio da Assembleia Nacional Popular?

Não seria mais sensato insistir no desbloqueio da Assembleia Nacional Popular como forma de viabilizar quer o Parlamento quer o Governo e em resultado disso, pôr-se fim à crise, na sua vertente institucional, que aliás, é a que prejudica o Estado e o Povo?

A Guiné-Bissau e os Guineenses ganharam algo com o Acordo de Conacri, ou voltamos ao ponto de partida com o PAIGC a reivindicar a vitória nas eleições legislativas de 2014 e, por via disso, ter direito a liderar o Governo inclusivo abordado na Mesa Redonda de Conacri?

Voltamos ou não a reavivar a crise com o Acordo de Conacri?

E como pensa, Sr. Presidente da República, resolver o bloqueio na Assembleia Nacional Popular com um Primeiro-ministro de sua escolha, de sua confiança, o que é inconstitucional, mesmo com base no Acordo de Conacri?

Para que serve a Constituição da República, Sr. Presidente?

Para que servem as Leis da República da Guiné-Bissau, Sr. Presidente?

O que representam os Órgãos de Soberania da Guiné-Bissau?

Será que doravante a Organização Política da República da Guiné-Bissau será regulada pela CEDEAO, UNIÃO AFRICANA, ONU ou CPLP? 

E no dia que decidirem propor a substituição do Sr. Presidente da República?

É que, por culpa dos actores políticos guineenses, com o Sr. Presidente da República à cabeça, a nossa Constituição deixou de servir para regular a Organização Política do nosso Estado, ao ponto de passarmos a ter que ir ao encontro de políticos e governantes doutros países e esperar por datas pré-anunciadas por este ou aquele, que são Chefes de Estado de outros países e em nome de certas organizações a fim de decidirem o destino da Guiné-Bissau e dos Guineenses...

Lamentável e triste realidade, Sr. Presidente da República, ao que chegamos!

Foi para sermos dirigidos por outros que se lutou arduamente, com tanto sangue derramado, até se conquistar a independência?

Onde está o respeito por todos quantos lutaram (entre mortos e sobreviventes) pela independência da Guiné-Bissau?

Ao longo desta crise, defendi sempre não haver um só culpado, na pessoa do Presidente da República. Reafirmo essa posição, mas não consigo “encaixar” que o Presidente da República continue a cometer erros de palmatória no exercício das suas funções, prejudicando o Estado e o Povo, a exemplo dos demais actores políticos, igualmente partes da crise.

A crise política já vai longe demais, Sr. Presidente da República. 

Caso persista o bloqueio no Parlamento e se o Presidente da República não conseguir harmonizar as disputas políticas para o desbloquear (o Acordo de Conacri já se viu que não resultou), terá que assumir as suas responsabilidades face ao realismo de não haver uma alternativa de estabilidade política e governativa até ao final desta legislatura, dissolvendo a Assembleia Nacional Popular (tal como estabelece a Constituição da República para situações de grave crise política) e convocando eleições legislativas antecipadas.

Podemos questionar o que resolveria a realização de eleições legislativas antecipadas; ou quem as financiaria. Creio que todos teriam razão em função dos seus argumentos.

O certo é que os custos e os prejuízos materiais consequentes do bloqueio do Parlamento e da ausência de uma Governação fiscalizada, como tem sido ao longo da crise, põem em causa a sustentabilidade do Estado de Direito e Democrático e reflectem igualmente custos e prejuízos humanos, sociais e económicos avultados.

Mesmo que não haja condições logísticas abrangentes para organizar e realizar eleições legislativas num prazo legal e realista, a dissolução do Parlamento significa automaticamente o seu desbloqueio. Porém, é preciso que quem de direito saiba o que terá que fazer se isso vier a acontecer, para se viabilizar o país. Tenho obviamente as minhas ideias sobre o assunto, mas não faço questão de apresenta-las no momento presente.

Se o Sr. Presidente da República não estiver à altura das suas competências constitucionais, sempre pode renunciar ao seu mandato, de forma livre e consciente, mas por favor, não continue a hipotecar o futuro da Guiné-Bissau, delegando a Chefes de Estado de outros países, bem como Organizações regionais, continentais, mundiais e outras a tomada de decisões soberanas, ou seja, que todo um Povo delegou nos representantes políticos que elegeu, entre o Presidente da República e os Deputados da Nação.

Positiva e construtivamente.

Didinho 07.12.2016

3 comentários:

  1. A dissolução do Parlamento sem possibilidade do agendamento e realização das eleições no prazo constitucionalmente fixado seria sair de uma situação de crise para uma outra situação, não apenas de outra crise, mas sim de outra crise e caos total. Loucura. Infelizmente não posso trazer para este espaço os elementos sustentando esta afirmação.

    Mas só um exemplo do nosso passado recente. O leitor lembre-se do 5º Governo, o último da VI legislatura. Um de Iniciativa Presidêncial. Criado após a dissolução da ANP no dia 15 de Novembro de 2002 pelo então Sô Presi, Dr. Kumba. O país viveu um dos seus piores períodos, não apenas de atropelos de todas as leis, mas sim de pura e simples banalização do poder de Estado, suas Instituições, Titulares etc. Até ao golpe militar do 14 de Setembro de 2003. Tudo ficou totalmente desorganizado das Finanças às Escolas. E agora propor outra vez uma solução do género para que, não obrigado. Vamos a outras soluções inovadoras. Simples, capazes de desbloquear a presente situação do bloqueio total. O autor destas linhas tem ideias claras sobre isto.

    Obrigado.
    Que reine o bom senso.
    Amizade.
    A. Keita

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  2. Bom trabalho de reflexao e critica produzido aqui pelo Didinho. Independentemente da capacidade intelectual do Destinatario, JOMAV em processar a dita reflexao e critica. No caso da Guine-Bissau, as criticas e reflexoes de genero devem ser PROACTIVAS e nao REACTIVAS. Porque os que postulam para as funcoes institucionais, sao tao pueris/infantis e totalmente desincronizados com as ferramemtas de gestao institucionais. Aguardo mais trabalho de genero. Obrigado Didinho e a Guineendade.

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  3. No meu ponto de vista ,acho melhor resolver o parlamento e não só, mas sim convocar eleições gerais para pôr fim a estes desmandos e atropelo as leis da nossa carta magna" CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA".

    BEM HAJA- QUE DEUS ABENÇOE A GUINÉ BISSAU E A SUA POPULAÇÃO MULTO. MARTIRIZADA PELAS INCOMPETÊNCIAS E FALTA DE BOM CENSOS DOS NOSSOS POLÍTICOS SEM EXCEÇÃO

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