Artur
Sanhá, um dos mais fortes candidatos a liderança do Partido da Renovação Social
(PRS), afirma que Kumba Ialá era um líder incontornável, por isso, não seria
imprudente desafiar a sua liderança. Para Sanhá, o homem conhecido pela defesa
das suas convicções, a direção de Alberto Nambeia “não está a ser fiel consigo
mesma, porque já está esgotada e é preciso uma mudança”. Sobre as
seleções dos candidatos ao congresso, aponta algumas irregularidades, mas afirma
que jamais vai impugnar o ato.
e-Global : O que é que motivou a sua
candidatura?
Artur
Sanhá: Penso que nós, na qualidade de dirigentes do PRS, com certo grau de
antiguidade e domínio de trabalho interno, entendemos que a conjuntura atual do
país precisa de nós, porque o PRS tem de dar uma contribuição devida, conforme
o tamanho da sua grandeza e do seu juramento e engajamento social e político. É
dos primeiros secretários-gerais do Partido da Renovação Social, na era de
Kumba Ialá.
Não se
sentia à altura de liderar o PRS? Porquê só agora a sua candidatura?
Eu penso
que a liderança não pode ser cobiçada. Na altura, o Dr. Kumba Ialá era um líder
incontestável. Era como se fosse um profeta da democracia da Guiné-Bissau. Era
boa sorte ter Dr. Kumba Ialá, num partido, como líder. Por isso, convinha
andarmos até ao momento que surgisse uma condição de substituição,só que
infelizmente houve crispações e tivemos um choque. Fiz dez anos enquanto
secretário-geral do partido. Conheço minimamente a máquina do partido. A
estruturação da máquina do partido foi, efiatamente, na nossa época. Nós
estruturamos a juventude, alargamos o funcionamento do partido para o
território nacional, criamos capacitações políticas, através de seminários e
colóquios dentro do partido e instruímos muitas outras diversidades para o
acompanhamento político pedagógico do trabalho de ativismo político no terreno.
Chegou-se a altura das eleições, fomos o único partido que teve, na
altura, o acompanhamento técnico informático no processo eleitoral. Montamos uma cadeia na nossa época,
enquanto secretário-geral, de computadores e sistemas de informatização e
evidenciação de resultados eleitorais. Nós pensamos que já chegou a altura de
mostrarmos, como guineenses, a nossa contribuição.
Como é que avalia a
atual liderança do PRS?
Essa liderança do PRS fez alguma coisa. Não
vamos dizer que não fez nada, isso seria um pecado. Mas, infelizmente, a
própria liderança não está a ser fiel consigo mesma, porque já está esgotada e
é preciso uma mudança. Isso é que nós estamos a pedir. A nova conjuntura que
vai começar a vigorar no país, não é para essa direção gerir. Por isso, pedimos
e fomos perentórios a anunciar essa ideia, a fazer um pedido diretamente ao
nosso Presidente, Alberto Nambeia, para que ele não se recandidatar, mas
infelizmente ele sentiu-se em condições de continuar e aí está.
E se ganhar as eleições o quê que vai mudar no
PRS?
Se eu ganhar, penso que o PRS vai beneficiar e
a Guiné- Bissau vaisair desta situação. O senhor é muito prófiimo à
juventude do Partido da Renovação Social. Neste momento goza de algum apoio
dessa juventude? Penso que a juventude do PRS tem muita boa recordação de mim. Eu revolucionei a juventude,
organizei mais a juventude, criamos condições para que ela pudesse fazer tudo
que é possível. Conseguimosfazer com que muitos elementos da juventude
conseguissem bolsas para ir estudar e muitas coisas que eu não vou dizer tudo.
Eu penso que a juventude tem muito boa recordação. Essa juventude do PRS quis
fazer o máfiimo, mas houve perturbação. Nóstivemos que apresentar a demissão e
é bom ter isso em referência. Não é o congresso que nos tirou do lugar, como
Secretário-geral, mas nós tivemos a honrosa fidelidade de apresentar a nossa
demissão, quando as coisas estavam bem baralhadas. Agora estamos com
deterias bem recarregadas, pensamos que é preciso o nosso reaparecimento.
Essa fase ficou marcada com crises políticas no
país. O senhor sempre foi qualificado como uma figura que se distanciou das
posições políticas da atual liderança. Porquê?
Sempre fui
claro e clarividente. Não faço cincarias, nem faço emboscadas. Face à face aos
colegas dirigentes, em fóruns próprios ou em ocasiões de concertações ocasionais.
Eu sempre fazia passar a minha ideia, massempre eu fui claro, dizendo que,
ninguém é perfeito e a sabedoria não é absoluta. Se alguém tiver alguma coisa a
contradizer ou a contra argumentar, eu estaria disposto a ceder e a solidarizar
com a melhor opinião. Mas,sempre, infelizmente, coisas que eu apontava e que as
pessoas nunca quiseram ouvir, acabaram em resultados, que eu preventivamente
apontei o dedo. Infelizmente, a atual sabe, os colegas de perto sabem, a
Guiné-Bissau sabe. Por isso, estou alegre.
O senhor é muito associado à defesa dos
princípios. A sua forma de estar, é uma pessoa muito rígida, uma pessoa com
certos princípios. Compactua com a forma que essa liderança do PRS está a levar
as coisas?
Penso que,
dentro da liderança do PRS há muitas capacidades. Há lá muitos colegas de
estudo, que eu respeito, conheço, que sabem o que querem fazer. Só que,
infelizmente, nem toda a gente pode ter o meu perfil, e que corresponde a cada
conjuntura. Se não, o treinador de uma equipa nunca fazia substituições em
pleno jogo. Isso é normal. Também por isso é que práfiis reconhece que ninguém
pode ficar no pode eternamente, eficeto em casos de monarquias, mas hoje há
monarquias mescladas, que não são monopolistas. Há um rei e há um
governo. Antigamente não havia. Atualmente penso que a direção do partido está
mesmo no fim daquilo que pode fazer, por isso que estipula-se prazos. Escolhe-se alguém. Essa pessoa é
legitimada, através da sociedade, maioritariamente, tem um prazo para mostrar
assuas capacidades. Nós, enquanto candidato consciente, patriota, pensamos que
a simbiose entre aqueles que perderam e aqueles que chegaram de mandar, vai
continuar.
Concorda com o processo de seleção dos
delegados?
Nós, precisamente, estamos numa triagem
daquilo que se passou no terreno, quanto à seleção dos delegados ao congresso.
Há anomalias. Nós vamos apresentar isso. É bom que todos os militantes saibam
que, nós não vamos impugnar nada, não vamos convulsionar o partido, porque a
Guiné-Bissau está a espera de milagre que o PRS pode apresentar. Só que as
pessoas que vão protagonizar a apresentação desse milagre, tem que ser outras
pessoas.
Na sua apresentação
pública, deifiou algumas “indiretas” aos seus adversários candidatos. A quem se
referia?
Tenho muito receio que essas pessoas queiram estragar o
partido. Veja só: Antes da marcação das eleições, eles tinham imprimido
campanha no terreno, a chamar atenção, dizendo que atenção, vocês, militantes e
simpatizantes do partido, tem que saber que no congresso que se avizinha, podem
aparecer candidatos que estraguem o partido. Você imagina? Nem se quer tinham marcado o congresso já sabiam que vão
aparecer candidatos. Coisa que nunca houve em vários congressos. Já estamos no
quinto congresso e nósjá assistimos dois congressos, enquanto altos dirigentes
do partido. Nunca fizemosisso. Porquê que se verifica isso agora? Isso é
estranho. Ainda há uma coisa: O congresso foi marcado não por agenda própria do
partido, mas por pressão dos que condicionam, que querem acompanhar o ritmo do
possível desfecho, para fazerem a gestão da conjuntura turbulenta de impasse
institucional, constitucional que se verifica agora no país”.
Esta é a razão da
pressão para que o congresso tenha lugar já?
Sim sim.
Porque se não,se o decreto que marca as eleições vier a surpreender-nos, a
direção não vais as eleiçõesse não é legítima
Está confiante que vai vencer estas eleições?
Se não houver truques, eu ganho sem dúvidas.
Porquê?
Porque eu
sinto-me capaz de demonstrar aos militantes e simpatizantes, que a minha
alternativa não é valiosa para o partido, mas para ajudar a Guiné-Bissau. Num
espaço muito curto, comparticipando com outras capacidades nacionais,seja
estando aqui, dentro da Guiné-Bissau, e fora da Guiné, porque há filhos da
Guiné com muita capacidade também fora do país neste momento. Se tivermos a
oportunidade de fazer uma concórdia de opinião, nós vamos apresentar ma solução
que vaiser aceite seja pelas Nações Unidas, pela CEDEAO e pela União Africana.
Essa solução será aceite como uma saída plausível para a crise da Guiné-Bissau.
Guinendade/eglobal
A DEMOCRACIA GUINEENSE EM GRANDE!
ResponderEliminarEIS A OPÇÃO NO CONGRESSO DO SEGUNDO MAIOR PARTIDO DA NAÇÃO (O PARTIDO DOS TRIBALISTAS E DE "MAMADURIS DI TACO"). A ESCOLHA É ENTRE UM SEMIANALFABETO E UM ASSASSINO NATO!
POR: CORREIO DA MANHÃ
07 DE OUTUBRO DE 2003
ARTUR SANHÁ ACUSADO DA MORTE DA EX-AMANTE
O novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau ainda mal aqueceu a cadeira do poder mas poderá ter de se sentar no banco dos réus. Artur Sanhá é acusado de homicídio.
Há mais de dois anos que o processo corre nos tribunais, mas até agora não foi deduzida qualquer acusação devido ao facto do julgamento já ter sido adiado pelo menos três vezes. A última sessão deveria ter tido lugar no mês de Setembro, mas acabou por não se realizar por causa do golpe de Estado que afastou o presidente Kumba Ialá. Artur Sanhá é acusado de estar por detrás da morte de Florinda Tavares, uma jovem na casa dos vinte anos de que alegamente seria amante. A história é assim: aproveitando o facto de Artur Sanhá - na altura ministro da Administração Interna - se encontrar ausente de Bissau o seu motorista dirigiu-se a casa da jovem a pretexto de a levar para uma cerimónia religiosa envolvendo o irmão do ministro. Só que o destino foi outro. Florinda foi levada para uma clínica particular situada em Ajuda, um dos bairros periféricos de Bissau, onde foi submetida a um aborto. Só que a intervenção correu mal. Gerou-se o pânico e a jovem foi transferida de urgência na segunda-feira para o Hospital Central Simão Mendes. O seu corpo chegou já sem vida. A família da vítima não perdeu tempo e apontou o dedo acusador em direcção ao então ministro da Administração Interna. Tanto mais que a autópsia entretanto efectuada apontou como causa do óbito uma hemorragia interna consequência da interrupção voluntária da gravidez. Acontece que mal Sanhá regressou a Bissau apressou-se a desmentir qualquer envolvimento afectivo com a jovem em questão. Um facto que era público e notório na capital guineense. A Liga guineense dos Direitos Humanos tomou conhecimento do caso e pediu o seu total esclarecimento. Até hoje. A grande dúvida que subsiste tem a ver com o verdadeiro mandante. Quem realmente deu ordens ao motorista para conduzir Florinda Tavares à clínica onde foi submetida ao aborto? Terá sido o próprio Sanhá que assim pretendia evitar o nascimento de um filho indesejado? Ou terá sido a sua esposa legítima num acto de vingança? O que é certo é que as duas principais testemunhas desapareceram na paisagem. O motorista terá emigrado para Portugal e, ao que tudo indica, o médico da clínica da Ajuda mudou-se de armas e bagagens para o Senegal. Duas viagens estranhas que - de acordo com várias fontes em Bissau - só teriam sido possíveis com a ajuda de alguém altamente colocado no aparelho de Estado.
QUEM MATOU ANSUMANE MANÉ? Quem matou Ansumane Mané? Passados cerca de três anos ainda pairam no ar muitas dúvidas sobre a morte, em Novembro de 2000, do brigadeiro mandinga que liderou a rebelião armada que conduziu à queda do antigo presidente. João Bernando "Nino" Vieira. Para as autoridades de Bissau o militar mandinga foi vítima da troca de tiros entre os seus apoiantes e as forças leais ao deposto presidente Kumba Ialá. Mas muitos observadores consideram que Mané foi pura e simplesmente executado.A sangue frio. Confrontada com estas dúvidas a Amnistia Internacional exigiu um inquérito para apurar a verdade sobre os factos. O Governo de Bissau reagiu mal. Calou a delegação da RTP-África que deu a notícia. Prendeu vários políticos locais - nomeadamente o antigo presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Fernando Gomes. E o caso morreu por aqui. Na altura dos acontecimentos Artur Sanhá era ministro da Administração Interna do Governo de Partido da Renovação Social (PRS). Levava tão a sério as suas funções que mais de uma vez foi visto a andar de Kalashnikov em punho pelas ruas de Bissau. Era a imagem do justiceiro. Por isso mesmo, ele mais do que ninguém saberá ao certo o que realmente aconteceu ao brigadeiro Ansumane Mané.