A terceira edição do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC) deverá juntar em Pequim, entre esta segunda e terça-feira (03 e 04 de setembro), dezenas de chefes de Estado e de Governo do continente africano, incluindo os de língua portuguesa.
A cimeira contará com três novos países: São Tomé e Príncipe, Burkina Faso e a Gâmbia, que elevam assim para 53 o número de nações africanas com relações com a China.
Angola vai estar representada ao mais alto nível no FOCAC, com uma comitiva liderada pelo Presidente João Lourenço, que terá um encontro com o seu homólogo chinês, Xi Jinping. Luanda espera o culminar das negociações para uma nova linha de crédito chinês de 11 mil milhões de euros, para financiar vários projetos.
Entre eles está a negociação dos termos para um empréstimo de 1.282 milhões de dólares (1.098 milhões de euros), montante destinado a pagar até 85% do valor do contrato para a concepção, construção e acabamento do novo aeroporto internacional da capital de Angola, que está a ser construído a 30 quilómetros de Luanda por várias empresas chinesas.
O chefe de Estado moçambicano também estará em Pequim para, junto com ministros e empresários do seu país, participar no FOCAC. Já neste domingo (02.09), Moçambique sedia na capital chinesa, à margem do fórum de cooperação, um encontro de empresarial, no qual deverão ser assinados uma série de memorandos de parcerias.
À procura de recursos
A Guiné-Bissau será representada pelo Presidente José Mário Vaz, que deverá solicitar ao Governo chinês recursos para o setor da agricultura. Outros pontos da agenda guineense serão as pescas, o turismo, as infraestruturas e os minérios.
A delegação cabo-verdiana, liderada pelo primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva, é composta por uma série de ministros. No fórum de cooperação, Cabo Verde pretende avançar as negociações para a criação da Zona Económica Especial Marítima em São Vicente, um projeto que a China já manifestou intenção de financiar.
São Tomé e Príncipe estreia-se em Pequim, para onde viajou o primeiro-ministro Patrice Trovoada. O Governo são-tomense leva na bagagem um projeto para a construção de 300 apartamentos para funcionários públicos e espera conseguir investimento chinês.
"Durante a minha estadia, um dos ministros que me acompanha irá assinar alguns acordos, um dos quais tem a ver com o projeto de construção de blocos de apartamentos para os funcionários públicos", explicou o primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe.
Relações e investimentos
A importância da participação dos países africanos de língua portuguesa no Fórum China-África "deve ser avaliada no contexto das relações bilaterais" que estes mantêm com Pequim, disse à agência Lusa a secretária-geral adjunta do Fórum de Macau.
Em causa, enuncia Glória Batalha, está a participação de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e, o estreante, São Tomé e Príncipe, os cinco países africanos entre os oito que fazem parte do Fórum de Macau, uma plataforma de cooperação multilateral entre a China e os países de língua portuguesa.
Em quase duas décadas, as relações comerciais dos países de língua portuguesa com a China registaram um aumento significativo. O investimento direto da China nos países lusófonos passou de 56 milhões de dólares em 2003 (48,3 milhões de euros), para cerca de 5,7 mil milhões de dólares em 2016 (4,9 mil milhões de euros), sendo que o investimento total da China nestes países é de 50 mil milhões de dólares (43,1 mil milhões de euros).
Desde 2015, a média anual do investimento direto da China em todo o continente fixou-se em três mil milhões dólares (2,5 mil milhões de euros), com destaque para novos setores como indústria, finanças, turismo e aviação.
primeiro Fórum de Cooperação China-África aconteceu em Pequim, em 2006, e a segunda edição decorreu na África do Sul, em 2015.
DW
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