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quinta-feira, 2 de março de 2017

NOTICIAS AO MINUTO: A CRISE POLITICA ESTÁ AFETAR NEGATIVAMENTE A VIDA DOS GUINEENSES EM ANGOLA. O PAÍS NÃO DISPÕE, DE NENHUMA REPRESENTAÇÃO DIPLOMÁTICA EM LUANDA


Zentralplatz in Huambo Angola

A crise política na Guiné-Bissau também afeta os guineenses que vivem no exterior. Em Angola, por exemplo, os emigrantes não têm representação oficial à qual possam recorrer em caso de necessidade.


Os guineenses residentes em Angola estão apreensivos com a falta de entendimento entre os políticos no seu país de origem. Cidadãos ouvidos pela DW na província do Huambo apelam aos líderes políticos para que coloquem os interesses do país acima do expediente artidário. 
Adulai Seidi diz que se sente envergonhado se fala na classe política do seu país, que provou ser incapaz de pôr termo à atual crise. O comerciante, que trocou a Guiné-Bissau por Angola há 14 anos, diz que a situação que o país vive é resultado da ambição dos dirigentes políticos que querem o poder político a todo o custo, sem cumprir as regras democráticas instituídas: "Na Guiné Bissau há três políticos: o que está no poder e não quer sair do poder; o que saiu do poder e quer voltar ao poder, mas não tem maneira de voltar; e o que quer o poder e não tem forma de ter o poder. E estas três pessoas estão a complicar a Guiné-Bissau."
Direito à estabilidade
Adulai Seidi refere-se aos protagonistas da crise guineense, o Presidente José Mário Vaz, o presidente do principal partido – Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) -, Domingos Simões Pereira e o primeiro-ministro, Umaro Sissoco Embaló.
Este guineense defende que há duas vias rápidas e viáveis para se sair da atual crise política. A primeira seria a devolução do poder político ao PAIGC, que venceu as últimas eleições legislativas na Guiné-Bissau, em 2014, mas está agora arredado do poder. A outra seria a convocação de eleições antecipadas. Seidi disse à DW África: "Eu votei pelo Presidente. Agora exijo o meu direito que é a estabilidade na Guiné."
Abandonados pela Guiné
A crise na Guiné-Bissau está afetar negativamente a vida dos guineenses em Angola. O país não dispõe, neste momento, de uma representação diplomática em Luanda. Os guineenses aqui residentes dizem-se abandonados pelas autoridades do seu país, como afirma Braima Isow: 
"Estamos a viver muito mal. Imagine que o seu passaporte caduca. Não tem como renová-lo, por que não temos uma embaixada aqui. "Para tratar de qualquer assunto com as autoridades, é necessário regressar à Guiné, com tudo o que isso acarreta de custos e tempo. Btaima Isow explica: "Tudo isso deixa-nos insatisfeitos."
Emigração prejudica a Guiné-Bissau
A instabilidade política guineense leva muitos quadros a abandonar o país em busca de melhores condições de vida. O emigrante Braima Dembo acha que essas saídas prejudicam a Guiné-Bissau, porque esses cidadãos poderiam contribuir para o desenvolvimento do país se houvesse estabilidade no seu país: "A Guiné-Bissau não é um país pobre. Mas hoje a população está muito pobre por causa da instabilidade política," diz Dembo e acrescenta: "É por isso, que muitos cidadãos, muitos jovens, já não podem viver na Guiné: por falta de emprego. Não há nada".
Em Angola vive uma comunidade guineense significativa, composta, sobretudo, por comerciantes, estudantes e docentes universitários. O rosto mais visível da comunidade era a jornalista Ana Emília Pereira, mais conhecida por Milocas Pereira. A jornalista desapareceu há mais de quatro anos. As autoridades angolanas continuam a não ter qualquer pista sobre o seu paradeiro. A família acredita que na origem do desaparecimento estão motivações políticas. Milocas Pereira era convidada com frequência pela imprensa angolana para comentar as sucessivas crises político-militares na Guiné-Bissau.



DW/GUINENDADE

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