quinta-feira, 23 de março de 2017
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OPINIÃO ABDULAI KEITA: UM COMENTÁRIO ACERCA DOS “BARÕES DE DROGA” NA GUINÉ-BISSAU
Por Abdulai Keita[]
Li com muita atenção o artigo cá indicado de Sr. Maram Sani
(Cif., http://guineendade.blogspot.ch/2017/03/opiniao-o-que-e-e-como-atua-um-barao-da.html#comment-form; acessado, 22.03.2017). E o que eu tenho a dizer neste debate em jeito de um rápido comentário, é o seguinte.
A Guiné-Bissau é a Guiné-Bissau, tal e qual. Eu sou bissau-guineense e orgulho-me muito de ser bissau-guineense. E é a partir desta posição que me digo. Para servirmos bem hoje este país, temos que saber muito bem PARTIR DA NOSSA REALIDADE E SERMOS BEM REALISTAS (parafraseando camarada Cabral). No sentido de termos e metermo-nos bem na cabeça, para se ter a ideia clara de quem somos nós no atual contexto e quadro do mundo globalizado ou em globalização. O que podemos, devemos e, o que não podemos e não devemos permitir-nos, neste contexto e quadro, nunca, mas nunca mesmo. Sobretudo no exercício das funções políticas neste nosso país querido do Povo Bom e, consequentemente, empreendimento e execuções de ações decorrentes de tais funções.
Quero dizer, é, que isso significa que, nós temos que saber bastante bem que somos UM PAÍS PEQUENINO DE ÁFRICA OCIDENTAL; UM PAÍS PÓS-COLONIAL, mas continuando a viver ainda económicamente na pura e dura situação colonial num contexto político não colonial (qualquer coisa que fazermos é da nossa inteira responsabilidade – o Tuga já se foi embora desde o Outubro de 1974 deixando-nos efetivamente as sequelas do povo colonizado).
Em todo o caso estamos nesta situação. Mas é nesta situação que somos outra coisa também. Somos, atençâo!, UM PAÍS RICO, MAS APENAS POTENCIALMENTE. Em relação a nossos recursos naturais (mineiro, heliêutico, faunístico, florestal e paisagístico) e humanos (conhecimentos, competências técnico-profissionais e experiências prático-operativas dos nossos pequenos agricultores, pequenos criadores de gado e artesões, em diferentes domínios das suas práticas produtivas e sociais).
Não obstante desta situação toda, e tenhamos a coragem de dize-lo em voz alta, continuamos UM PAÍS MUITO POBRE DE MANEIRA EFETIVA, REAL, PRÁTICA E MATERIALMENTE NA VIDA DE DIA-A-DIA. Em relação às insuficiências dos nossos conhecimentos, às insuficiências das nossas competências técnico-profissionais (da pesquisa cientifica fundamental e aplicada, desenvolvimento de produtos materiais e imateriais e, produção e comercialização destes), às insuficiências das nossas experiências prático-operativas e às insuficiências dos nossos meios financeiros, com os quais lançamo-nos nos desafios mundiais dos nossos tempos para fazer face aos problemas do nosso mundo contemporâneo globalizado e/ou em globalização.
Temos tido casos de situações de instabilidades político-civis e/ou político-civis e militares ao par, à repetição permanente, durante praticamente todo o período dos últimos 19 anos. Por isso tornamo-nos, ou acentuou-se o nosso carácter de UM PAÍS FRÁGIL OU FRAGILIZADO; e neste quadro e por tudo isso, por mal ou bem, tornamo-nos até aqui, NUM PAÍS AINDA, MUITO DEPENDENTE DA “AJUDA” EXTERNA. E desde os tantos, pelo menos, 19 anos, tornamo-nos NUM PAÍS COM GRAVES PROBLEMAS DE IMAGEM NEGATIVA no exterior e localmente junto da nossa própria população e por isso, COM A NECESSIDADE URGENTE E IMPERATIVA DE ENTUSIASMAR ESTA NOSSA PRÓPRIA POPULAÇÃO LOCAL E NOSSOS VERDADEIROS AMIGOS DE FORA. Para se poder construir iniciativas sérias com o fim de poder sacudir uma vez por todas, todos os elementos portadores das características negativas e prejudiciais e, promover positivas e favoráveis antes indicadas aqui, para fazermos desde então deste nosso país, deste tipo que é neste momento, um país de outro tipo. Emancipado e respeitado em todo o mundo.
Mas o caminho ainda até lá é longe. Mas será. Por isso, é minha posição esta aqui. Em como resposta definitiva e com todo o respeito ao Sr. Maram Sani, mesmo reconhecendo algo de aceitável numa ou outra passagem do argumento apresentado neste seu artigo de opinião cá comentado. Eis esta minha resposta de seguida.
Quando as coisas são assim, tal como antes descrito (e não é tudo) neste texto, num país tal como este nosso nesses nossos dias, e tudo isto é conhecido ou devendo ser conhecido pelos seus habitantes, sobretudo os membros da sua elite governante e seus intelectuais, NUM TAL PAÍS, ninguém se pode dar o luxo de se meter em situações de querelas ou conflitos graves com PAÍSES DOS CARIZES DE UMA POTÊNCIA MUNDIAL, DE GRANDE POTÊNCIA OU DE POTÊNCIA REGIONAL. Sem causa forte justa (injustiça inaceitável contra a nação toda ou agressão de invasão, por exemplo). Sobretudo, quando tratando-se dos problemas considerados internacionalmente imorais nas organizações em que estes países e os países tal como o nosso são membros. Ir contra este princípio é estrategicamente falso. Independentemente das razões ou qual for que sejam os justificativos.
Eis porque, a Guiné-Bissau, o Estado bissau-guineense, não pode, nos dias de hoje, de forma nenhuma, nem de perto, e nem de longe, PROTEGER, propositada, deliberada, programática e “planificadamente” pessoas nenhumas, indexadas de “BARÃO DE DROGA” pelo governo estado-unidense ou outros atuais estados de outros países do nosso mundo atual, do mesmo cabedal.
Obrigado.
Pelo bom juízo e bom senso na nossa terra bem-amada, a Guiné-Bissau do POVO BOM.
Amizade.
A. Keita
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