Jorge Carlos Fonseca visita a Guiné?
Por favor, não agora!
A Presidência da
República da Guiné-Bissau divulgou uma informação em como o Presidente de Cabo
Verde, Jorge Carlos Fonseca, visitará a Guiné-Bissau entre 12 e 14 de
Fevereiro, ou seja, exatamente dois dias antes do início da campanha eleitoral.
Os cabo-verdianos
acompanham com atenção e muita solidariedade toda a atualidade política no país
irmão da Guiné-Bissau. Mesmo que o 14 de novembro tenha criado momentos de
tensão e alguma rivalidade, o contraste entre o pronunciado sucesso de um e o
cada vez mais crónico ciclo de instabilidade doutro, acabam por provocar um
sentimento de solidariedade e irmandade entre estes dois povos com uma história
muito próxima e comum em muitos pontos.
Infelizmente, esta
última versão da crise guineense tem tido um protagonista improvável, por parte
do próprio Presidente da República, o Dr. José Mário Vaz, que não desiste de
encontrar formas de comprometer, influenciar, e mesmo falsificar o jogo
democrático. Tudo tem feito para pôr em causa a liberdade do povo em escolher
os seus legítimos representantes e não há duvidas de que as eleições marcadas
para o dia 10 de março só terão lugar por via de uma maior determinação da
CEDEAO e a pressão interna e externa para esse efeito.
Uma visita de um
Chefe de Estado é sempre uma excelente demonstração de amizade e solidariedade,
sobretudo por parte de um país e um povo tão irmão e tão próximo. Há no entanto
que assegurar que tal não interfira com a soberania interna e não assista
nenhuma das partes a agravar o quadro de exercício democrático.
Não é o caso e há
que dizê-lo claramente ao Senhor Dr. Jorge Carlos Fonseca, Jurista,
Constitucionalista, Chefe de um Estado que vive a democracia e o Estado de
Direito. “A sua vinda nesta altura Senhor Presidente não respeitaria os
princípios de equidistância e respeito da soberania do Estado Guineense. Quando
chegar a Bissau, iria descobrir que está a participar da campanha em que o
Presidente José Mário Vaz está envolvido e estará a oferecer créditos a um
Presidente que toma partido numa eleição legislativa num regime
semipresidencial de pendor parlamentar”. Quando isso acontecer, poderá tentar
se redimir e apresentar desculpas, mas o mal já estaria feito e terá agravado
algum sentimento de desconfiança à clareza do posicionamento de algumas
instâncias internacionais.
Um dia depois das
eleições legislativas ou se preferir da proclamação dos resultados, o Presidente
ainda será o Dr. José Mário Vaz, a Guiné-Bissau será o mesmo país nas mesmas
coordenadas geográficas, e os guineenses cá estarão para o receber e para o
aplaudir numa festa que deve ser cada encontro entre os nossos povos e
respetivos representantes. Não agora.
Não agora Senhor
Presidente!
Dr. Cadjucan Lima.
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