Por: Dr. Alessandro Dorigon
É visto na mídia de todo país várias notícias sobre a prisão de pessoas
por tráfico de drogas. E ainda mais, é visto também outros crimes em
função do tráfico como roubos, latrocínios, furtos e homicídios. Uma
rede interligada de crimes que tem uma única causa, o tráfico de drogas.
Primeiramente vem o furto, que são praticados pelos usuários de drogas,
principalmente pelos usuários de “crack”, que após liquidarem com seus
salários e com seus bens, partem para o furto de coisas pequenas para
darem em troca de drogas.
Após, vem o roubo que, na maioria das vezes, é feito pelas pessoas que
começaram no furto e fizeram dívidas com os traficantes, sendo que
necessitam cada vez mais de dinheiro ou bens para a compra da droga.
Após, vem o latrocínio e o homicídio, que é um acerto de contas entre quadrilhas e bandos especializadas no tráfico de drogas.
A categoria de mortes por causas violentas é a principal responsável
pela mortalidade entre jovens. Dentre as causas, as mortes por homicídio
ocupam posição de destaque - em especial, nos grandes centros urbanos
brasileiros. Para a mídia e a opinião pública, homicídios associados ao
uso e venda de drogas são a face mais atemorizante e visível da
violência urbana.
O imaginário público é assolado por chacinas, execuções e confrontos
entre quadrilhas de traficantes como ilustrações dramáticas que parecem
crescentemente tomar conta do cotidiano dos grandes centros urbanos
brasileiros.
Existem várias maneiras pelas quais os crimes podem estar associados à
questão das drogas. A primeira delas está relacionada com os efeitos das
substâncias tóxicas no comportamento das pessoas. Outra forma de
associação decorre do fato de tais substâncias serem comercializadas
ilegalmente, gerando então violência entre traficantes, corrupção de
representantes do sistema da justiça criminal e ações criminosas de
indivíduos em busca de recursos para a manutenção do vício.
O temor apresentado pela população no que diz respeito à violência
associada ao tráfico de drogas não é de todo infundado. Quando tomamos
dados relativos à totalidade dos municípios paranaenses, percebemos que a
incidência de ocorrências relacionadas a drogas (uso e venda) mantém
importante correlação com o número de crimes violentos, de maneira
especialmente significativa nos crimes contra o patrimônio.
Em diversas ocasiões, policiais têm ressaltado a conexão existente
entre o tráfico de drogas e o aumento no número de homicídios e demais
crimes realizados nas maiores cidades do Paraná.
A partir dos dados concernentes ao ano de 2007 coletados pela Polícia,
sabemos que a maioria dos homicídios tem lugar entre pessoas conhecidas,
em ambientes domésticos e em locais próximos às suas residências.
Este é o caso de 66,5% das ocorrências em que se conseguiu averiguar as
motivações. Dessas, 25,4% referiam-se a mortes de envolvidos com
drogas. Vale lembrar, entretanto, que, em mais de 60% dos casos, não foi
possível averiguar no próprio local as motivações envolvidas. Esse alto
percentual resulta do fato de a Polícia Militar - fundamentalmente
incumbida do policiamento ostensivo - não fazer investigação de casos de
homicídio.
Daí a possibilidade de que o alto número de casos em que não foi
possível identificar a motivação possa estar ligado a drogas, o que é
posteriormente qualificado pela atividade investigatória.
Segundo a Delegacia de Homicídios de Curitiba, encarregada das
investigações destes casos, 55% dos homicídios em 2008 no Paraná
envolveram o uso ou a venda de drogas. A imprensa ressalta diariamente
como a disputa por pontos de tráfico - em particular, de vendas de crack
- tem resultado em grande número de mortes, especialmente entre jovens.
Qualquer que seja a proporção dos homicídios relacionados às drogas,
deverão ocorrer com maior intensidade nas regiões e vizinhanças
assoladas pelo tráfico.
E na cidade de Umuarama não tem sido diferente. Conforme se vê nos
noticiários pela TV e nos jornais da região, muitos crimes de homicídios
têm acontecido em nossa cidade por causa das dívidas no tráfico de
drogas, demonstrando que os traficantes são pessoas que não prezam pela
vida e não tem respeito pela sociedade.
O que ainda assombra nossa sociedade é que muitas das pessoas, que são
conhecidas como “mulas” do tráfico, não têm consciência das
consequências de seus atos, pois pensam que traficar drogas é igual a
vender bebidas ou cigarros, o que na verdade é bem diferente, tendo em
vista a consequência do tráfico na sociedade, resultando em furtos,
roubos e mortes.
Desta forma, é responsável também o usuário de drogas, que pensa
somente estar satisfazendo as suas vontades, pouco importando se pessoas
vão morrer mediante a sua compra ilegal.
Assim, nossa sociedade clama por uma atitude dos poderes públicos, não
só falando do judiciário, que vem atuando com mãos de ferro para
prevenir e reprimir o tráfico de drogas, mas também dos governantes, que
deveriam ensinar e incentivar as pessoas a denunciarem o tráfico de
drogas, dando estudo e qualidade de vida a todos.
Fonte: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
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» OPINIÃO: CONSEQUÊNCIAS DO TRÁFICO DE DROGAS NA SOCIEDADE.
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