COMUNICADO À IMPRENSA
Há vários anos, o Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas
(IBAP) tem vindo a ser confrontado com a captura ilegal de chimpanzés juvenis
para comercialização.
Em 2015, a
Direção do Parque Natural de Cantanhez recuperou um chimpanzé fêmea juvenil denominada
Bô e pelas informações de que dispomos, ela foi capturada por elementos da
comunidade local a volta da Tabanca (aldeia) de Gandambel. Um especialista
português em primatas tentou reintroduzi-la nas florestas, mas não foi
possível, pois a Bô não quis voltar para as florestas e os outros grupos de
chimpanzés não quiseram aceitá-la.
Em 2016 foi
recuperado o 2º chimpanzé fêmea denominada Bella cuja história não se conhece
bem, tentou- se reintroduzi-la na floresta, mas o processo também falhou, ela está
atualmente sob a gestão dos serviços da Guarda Nacional da Região de Tombali em
Manpatá-Forea. Meses depois um 3º chimpanzé fêmea, Emília, foi entregue a
Direção do Parque Nacional de Dulombi, ela se encontrava em cativeiro em
Banbadinca.
O Chimpanzé da
África Ocidental (Pan troglodytes verus)
é uma espécie integralmente protegida. Ela consta na Lista Vermelha da UICN,
como vulnerável e também é sujeita a proteção pela Convenção CITES (Convenção
sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora Ameaçadas de
Extinção), ratificada pela Guiné-Bissau.
Estes animais
selvagens após a captura são dificilmente reintroduzidos nos seus habitats de
origem e na Guiné-Bissau não existem estruturas com competências para se ocupar
destes animais. Neste contexto, o IBAP com a ajuda de diferentes parceiros,
estabeleceu há mais de 2 anos contactos com estruturas internacionais para
obter orientações sobre as modalidades a adotar. O PASA (Pan African Sanctuary
Alliance) foi contactado e segundo as informações, os únicos santuários
disponíveis para receber estes animais se encontram na Quénia e na Zâmbia.
Tendo entrado em contacto com eles, forneceram informações sobre os
procedimentos necessários para a transferência destes chimpanzés, entre os
quais exames veterinários, procedimentos adminiatrativos, construção de gaiolas
de transporte, entre outros.
As condições
para a exportação destes chimpanzés fêmeas, principalmente as que estão ligadas
às questões veterinárias atrasaram muito o processo de transferência, o país de
importação solicitou resultados de exames e certificados veterinários que devem
ser realizados/emitidos por um especialista veterinário autorizado, atestando a
ausência de doenças epizoóticas e zoonóticas ao qual a espécie é suscetível,
entre as quais o ébola.
Considerando a
inexistência de serviços especializados na Guiné-Bissau, o IBAP recorreu à
Delegação da União Europeia na Guiné-Bissau (UE) e a uma Investigadora
Pós-doutoral da CIBIO (Centro de lnvestigação em Biodiversidade e Recursos
Genéticos), para identificar um laboratório que aceite realizar estes exames.
Os parceiros
apoiaram a deslocação de um veterinário especializado em animais selvagens para
a recolha de amostras que teve lugar em meados de Junho do ano em curso. Para
esse efeito foi necessário uma anestesia geral nos 3 animais para se efectuar a
recolha de amostras de sangue, medição dos aspectos biométricos, realização do
teste de tuberculina, zaragatoas e finalmente a aplicação de um número de
identificação subcutâneo. Esta
anestesia também teve que ser trazida de Portugal tendo em conta as condições
do país. Por conseguinte, aproveitou-se da vinda deste especialita em
veterinária para dar formação aos técnicos da Direção Geral da Pecuária.
As deslocações ao
nível de 3 localidades na Guiné-Bissau para a realização destes trabalhos foram
efectuadas pelo IBAP com o apoio dos Serviços Nacionais de Veterinária, da
Direção Geral das Florestas e Fauna e da Delegação da União Europeia - GB.
Existe boa
vontade das autoridades e das instituições concernentes da Guiné-Bissau na
execução desta operação. Mas tendo em conta a necessidade de respeitar os
trâmites administrativos de exportação e de importação (CITES) e também as
exigências veterinárias, torna este processo que já está em curso há 2 anos complicado e moroso.
É importante
ressaltar que a União Europeia e a Fundação MAVA disposeram-se em apoiar financeiramente está transferência. A
Embaixatriz da UE na Guiné-Bissau está envolvida directamente nesse dossier.
Manter
um animal em cativeiro requer cuidados e gastos financeiros e para além disto,
esta não é a filosofia do IBAP. Os chimpanzés fêmeas Bô e Emília teriam morrido
a muito tempo se realmente passassem fome como foi noticiado. O IBAP decidiu
colocar a Bô numa gaiola improvisada porque os estragos e conflitos com a
população de Buba não deixavam de crescer e eram cada vez mais preocupantes.
Para
além da captura de filhotes a população de chimpanzés da Guiné-Bissau tem
sofrido muito com a degradação e fragmentação dos seus respectivos habitats. Em
consequência, nos últimos anos, no sul do país, houve conflitos entre o Homem e
o chimpanzé com ataques graves, estes últimos contra as crianças. Foi uma
situação delicada que o IBAP geriu com sabedoria. Todavia, a forma como a
Agência Lusa tratou este assunto em uma reportagem, coloca o IBAP numa situação
delicada associada ao facto de que dispõem de informações completamente
desatualizadas.
O
Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP) vem por este meio
informar a opinião pública que este processo esta em curso e que serão
respeitados todos os trâmites administrativos, veterinários e legais para que a
transferência destes animais para um santuário apropriado seja bem sucedida.
Bissau, 17 de
Agosto de 2017.
Para mais informações: contatar:Udimila Kadija Queta Responsável Comunicação IBAP Telm: (+245) 95 535 39 51 Email: udimilaqueta@hotmail.com | |||||||||||||
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