Com a entrevista de Braima Camará ao Jornal O Democrata, ele deixou bem patente que a Guiné-Bissau vai continuar no impasse em que se encontra mergulhada desde o derrube do 1º Governo do PAIGC após as eleições legislativas. Apesar do coordenador do Grupo dos 15 ter negado categoricamente que este Grupo nunca influenciou as decisões do Presidente da República (José Mário Vaz) nos derrubes e formações dos sucessivos governos. Quem lê a entrevista com muita atenção pode constatar a dada altura uma afirmação categórica de Braima Camará, que diz que o Grupo dos 15 nunca influenciou o Presidente da República:
OD: Dirigentes e militantes que fazem parte desta estrutura esperavam uma coordenação forte de Braima Camará, mas há quem o culpa pelo fracasso em não conseguir recuperar a direção do partido. Pode explicar o que falhou de concreto, estratégias ou foi engolido pelo sistema do PAIGC?
BC: Eu não sou perfeito! Sou o humano e tenho as minhas fraquezas e as minhas limitações. Se alguém achar que é minha responsabilidade por não termos atingido o objectivo principal de conquistar o partido, então eu só tenho que compreender essa pessoa. É uma leitura possível, no entanto, respeito essas vozes que fazem críticas nesse sentido. A grande verdade é que a minha percepção é ao contrário, porque nós estamos a governar. Houve uma pessoa que violou a justiça, ou seja, uma decisão judicial que era a providência cautelar do tribunal de Buba.
A frase sublinhada a vermelho diz tudo sobre esse grupo e a sua influência perante José Mário Vaz nas formações dos sucessivos governos depois do Governo de Engº . Carlos Correia.
Se é verdade que no 1º Governo do PAIGC, o então Primeiro Ministro Domingos Simões Pereira fez um Governo inclusivo com elementos de outras forças políticas (talvez esse foi o pior erro do PAIGC....) em que o seu Programa de Governo foi aprovado por maioria absoluta na ANP, porque é que o mesmo Programa apresentado pelo Governo do Engenheiro Carlos Correia foi chumbado pelos 15 deputados do PAIGC e PRS?
Eis a outra incongruência do Braima Camará durante a sua entrevista:
OD: É verdade que o Presidente JOMAV foi quem fabricou o grupo dos 15?
BC: Isso não corresponde à verdade. Os elementos do grupo dos 15 deputados são pessoas maduras, responsáveis e homens dignos que pautam pelo respeito escrupuloso da constituição da república, dos estatutos do PAIGC e do regimento da Assembleia Nacional Popular. Os 15 deputados votaram contra o programa do PAIGC porque a direção superior do partido não observou um dos articulados mais fundamentais do seu estatuto que diz que qualquer programa, antes de ser levado ao parlamento, deve ser discutido no seu órgão supremo que é Comité Central. Se isso não acontecer, o programa não engaja nenhum deputado da nação, porque estamos na ANP para defender o país.
Segundo o Grupo dos 15 e o próprio PRS, sempre negaram que houve um nome de consenso no Acordo de Conacri e nesta entrevista a dado passo o Braima Camará disse que não houve nomes e todos sabemos que José Mário Vaz enviou três nomes da sua confiança para ser escolhido um deles. Não estou a ver os mediadores das Organizações Internacionais a mentirem sobre o nome de consenso (Augusto Olivais). Mais uma contradição do coordenador dos 15:
OD: Senhor Coordenador, disse publicamente que com a realização do congresso, o acordo de Conacri acabou. Quer dizer que existe acordo de Conacri?
BC: Nós sempre dissemos que somos assinantes de acordo de Conacri. Mas o acordo não tinha nomes. Se alguém me mostrar o nome que tenha saido do acordo assinado em Conacri, eu deixarei fazer política de uma vez na minha vida.
Se o mediador cometeu falha na mediação, deve responder pelos seus atos porque o grupo dos 15 deputados, o PRS e PND apoiaram Umaro Sissoco Embaló. Formamos assim uma maioria. Sou assinante de Acordo de Conacri e o mediador Alpha Conde, o Representante do Secretário geral das Nações Unidas no país e o Ouvidio Pequeno da União Africana estavam presentes. Ouviram a minha posição sobre esta matéria. A política que estão a fazer no mundo neste momento é da mentira e hipocrisia. Mas eu não minto.
Outra questão que ficou atravessada nas gargantas do Grupo dos 15 e do PRS foi o facto do Primeiro Ministro Artur Silva nomeado recentemente ter ordenado o levantamento da barricada feita pela polícia junto a sede do PAIGC aquando da realização do seu congresso. Ninguém acredita que Artur Silva tenha sido nomeado pelo Presidente da República sem o aval do Grupo dos 15 e do PRS, eles deram aval para a nomeação de de Artur Silva, só que nunca esperavam que este mandasse retirar as forças de segurança junto a sede do PAIGC, razão pela qual vão deixar cair o actual Primeiro Ministro. Segundo as palavras do coordenador durante a entrevista:
Artur Silva, depois de ter sido nomeado Primeiro-ministro, tinha a esperança que o PAIGC iria apoiá-lo, por isso levantou o embargo da justiça e ordenou a retirada das forças de segurança da sede do PAIGC. Ele pensava que com essa decisão o PAIGC dar-lhe-ia uma prenda, ou seja, integrar no seu governo.
Durante toda a sua entrevista o coordenador do Grupo dos 15 demonstrou claramente as suas contradições e um desconhecimento profundo sobre o funcionamento das organizações internacionais em que a Guiné-Bissau está inserida (CEDEAO, UNIÃO AFICANA, CPLP e Nações Unidas), isso relativamente as sanções.... quanto a esse ponto nem vale a pena falar!
Se o Grupo dos 15 não tem influência sobre as decisões tomadas pelo Presidente da República, o que leva Braima Camará a dizer que ele é quis ser Primeiro Ministro. Com essa entrevista ele deixou em maus lençóis o José Mário Vaz que diz ser um homem lúcido e coerente que só tomou as decisões com base na Constituição da República:
OD: Foram três encontros com a direção do PAIGC, no sentido de convencê-lo a atribuir um cargo. Não resultou em nada. O que está na base de falhanço destes encontros?
BC: O meu problema não é lugar. Se eu quisesse, não teríamos ninguém como primeiro-ministro se não Braima Camará. Eu não quis e por isso Baciro Dja foi nomeado. Não quis, Umaro Sissoco Embaló foi nomeado. Não quero, porque não estou a trabalhar para tachos. E a minha luta política é provar ao mundo que a Guiné-Bissau é um país possível e viável com quadros que têm massa cinzenta.
OD: O PAIGC já passou nas regiões para estabelecer contatos diretos com as populações…
BC: Domingos está começar um trabalho que eu já fiz há 20 anos. Vocês sabem quantos empregados tenho? Sabem quantos chefes de família apoio nos seus sustentos do dia-a-dia? Desconhecem a minha dimensão de caridade social estendida um pouco por todo o país…Sou um homem trabalhador, humilde que se relaciona com todo o mundo.
Que o José Mário Vaz e todos os que apoiam o Grupo dos 15 e em particular Braima Camará tirem as suas ilações com esta entrevista....
APS
DESSA INTREVISTA, TUDO VEM À TONA SOBRE A IMPREPARAÇÃO DE BRAIMA CAMARÁ!!!
ResponderEliminarEM PRIMEIRO LUGAR, ELE NÃO TEM MÍNIMA IDEIA DO QUE É A POLÍTICA. UM POLÍTICO PREPARADO NÃO USA AS PALAVRAS COMO "NUNCA", "CERTEZA", "CONTROLO". BRAIMA CAMARÁ, POLITICAMENTE, É UM HOMEM INOCENTE QUE CONFUNDE O ESTADO DA GUINÉ-BISSAU COM O "GRUPO MALAIKA".
EM SEGUNDO LUGAR, BRAIMA CAMARA NÃO TEM IDEIA NENHUMA DE QUEM É DOMISGOS SIMOES PEREIRA. E O MAIS ESSENCIAL, BRAIMA NUNCA PROCUROU SABER O QUÊ QUE "MOVE" DSP, AS MOTICAÇÕES DE DSP, O OBJECTIVO DE DSP DENTRO DO PAIGC E PARA COM A POLÍTICA E PARA COM A REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU. NÃO É BASTA SER ADVERSÁRIO POLÍTICO, O MAIS IMPORTANTE É CONHECER O SEU ADVERSÁRIO EM TODOS VERTENTES. E O BRAIMA É UM TOTO, UM VAIDOSO QUE NEM SABE O QUE É A POLÍTICA.
PARA NÃO ALONGAR MUITO E EM TERCEIRO LUGAR, UM POLÍTICO REACIONÁRIO É UM NADO-MORTO, PONTO. BRAIMA QUER CONTROLAR, POLITICAMENTE, O PAÍS PASSANDO O TEMPO TODO A REAGIR AOS ACONTECIMENTO. SERÁ QUE EXISTE UM BURRO PIOR DO QUE BRAIMA CAMARA!? BRAIMA VAI A GUERRA COM DSP/PAIGC SEM ESTRATEGIA NENHUMA E PASSA TODO O TEMPO A REAGIR AS ESTRATEGIAS DO ADVERSÁRIO. EU POSSO CONTAR DEZENAS DE OPORTUNIDADES DESPERDIÇADO POR BRAIMA CAMARA QUE PODIAM RESULTAR NA DERROTA DO PAIGC. MAS PRONTO, O GAJO É UM TOTO QUE NEM SABE O QUE ESTÁ FAZENDO. E ATÉ AGORA, LHE RESTA UMA ESTRATEGIA QUE ELE PODE IMPLEMENTAR PARA VENCER O PAIGC NO LONGO PRAZO.
SÓ UM AVISO AO BRAIMA CAMARA. A FORÇA E OS TRIBUNAIS NÃO VÃO TE SALVAR LADO NENHUM. PENSE, PENSE, PENSE RAPAZ. TENTE FORMULAR UMA ESTRATEGIA COERENTE E QUE VAI RESULTAR EM ALGO PÁ!!!
Excelente comentário! Quem não sabe e fica longe daquele que sabe sempre perde o norte. Braima e seus apoiantes perderam o rumo...
ResponderEliminarEu li com muita atenção a entrevista do Sr. Braima Camará e fiquei completamente desiludido com o seu conteúdo. Da sua entrevista constatei que ele não foi elegante com os seus adversários e com todos os que se atrevem desacordar com ele. Passou todo o tempo a falar ‘’bem’’ de si e mal dos outros. Vejam só : o Sr. Braima Camará é digno, respeita escrupulosamente a Constituição, Estatutos de Partido, Regimento da Assembleia, respeita e dá o comer às pessoas, faz caridades, ele não é traidor e oportunista, ele tem sempre as suas ideias e anda sempre em companhia da verdade e justiça, ele é lucido e responsável, ele é humilde e honesto, está a governar, não vai deixar que mãe Guiné seja vendida, tem a certeza que o PAIGC vai para a oposição, etc. etc. Não obstante tudo isso, não li nenhuma passagem sobre o seu projecto político para a nossa sociedade.
ResponderEliminarA conclusão que tirei da entrevista é que o homem é realmente fraco, muito fraco. As pessoas de bem não aplicam força para fazer valer as suas posições, sobretudo na política.
Eu li várias entrevistas do Domingos Simões Pereira mas sempre notei que ele trata elegantemente os seus adversários, limitando-se simplesmente a expor as suas ideias e os seus projectos. Mesmo quando ele desacorda com os seus adversários por norma escolhe palavras para não ofender as pessoas. Contrariando esta postura, o Sr. Baraima Camara na sua entrevista concentrou-se nos insultos e ameaças. Isto não é nada bom. Se inspirarmos na famosa frase do Martin Luther King - para dizer a verdade ao alguém não é preciso declara-lo a guerra, concluiremos que o Sr. Braima Camará precisa de rever as suas abordagens e métodos.
Analisando a entrevista do Sr. Baraima Camará, pergunto:
1. Qual é o motivo de tanto ódio e raiva que o senhor Braima Camará fez transparecer na sua entrevista?
2. Será que colocar o PAIGC na oposição é o principal projecto do Braima Camará?
3. Quantas vezes durante a sua entrevista o Sr. Braima Camará utilizou palavras ‘’inapropriadas’’?
4. Como é que um caloiro na política, um inocente que ele apelida por pequeno e arrogante (Domingos Simões Pereira), consegue ganha-lo em todas as frentes?
Alguém pode-me ajudar respondendo estas perguntas?
Por outro lado, fica por saber o assunto que o Sr. Braima Camará pretende debater com o Domingos Simões Pereira. É de conhecimento público que o Sr. Braima Camará pensa que a educação não deve constituir a prioridade na governação, enquanto o Domingos Simões Pereira pensa o contrário.
Sr. Braima Camará, pelo amor de Deus, não tente debater coisas sérias com o Domingos Simões Pereira, não será bom para ti, pois ele está em clara vantagem por estar melhor preparado. Dizem por aí que o Domingos Simões anda actualmente no Doutoramento. Pelos vistos, o homem nunca deixou de estudar e tu bem poderias adoptar a mesma postura para competir com ele. O nosso profeta Mohamed ordenou-nos para procurarmos o conhecimento. Favor lembrar sempre disto como muçulmano. Só a educação é que nos guiará para o verdadeiro caminho do reencontro connosco próprios, sem complexo, e do reencontro com Allah.
Que Allah proteja todos os filhos da Guiné e ajude a pacificar os nossos corações.