quinta-feira, 29 de novembro de 2018
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NOTICIAS AO MINUTO:“QUEREMOS APOIAR A ESTABILIDADE DA GUINÉ-BISSAU E O SEU DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL”-EMBAIXADOR JAPAO
[ENTREVISTA] O Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do Reino de Japão para a Guiné-Bissau, Senegal e Cabo Verde, Tatsuo Arai, afirmou que o seu país compromete-se a trabalhar afincadamente para apoiar a estabilização da Guiné-Bissau e o seu desenvolvimento sustentável. O diplomata nipónico com residência em Dacar, Senegal, concedeu uma entrevista conjunta ao Jornal O Democrata (OD), a Radiodifusão Nacional (RDN) e a correspondente da Radiodifusão Portuguesa (RDP), com o intuito de abordar a questão da cooperação existente entre o Japão e a Guiné-Bissau.
“No âmbito da parceria existente entre os dois países, a Guiné-Bissau apoia sempre as nossas candidaturas a nível das organizações internacionais ou nas comissões. E podemos dizer que as nossas relações de cooperação bilateral são boas e ambas as partes continuam a trabalhar para mantê-las”, explicou o diplomata que, entretanto, aproveitou a ocasião para esclarecer que não existe nenhuma dívida entre o governo nipónico e o guineense e que todos os investimentos do Japão são feitos na base de doações, em nome das relações de amizade e da cooperação existentes entre os dois países.
A cooperação entre o reino do Japão e a Guiné-Bissau teve o seu início nos anos de 1980 e resultou em grandes investimentos daquele país asiático em vários setores, com maior ênfase nos setores da educação e das pescas. O investimento do governo nipónico no país avalia-se em mais de 80 biliões de Francos CFA, sobretudo na construção de escolas primárias, nas pescas e na agricultora, como também em vários outros setores para apoiar o desenvolvimento da Guiné-Bissau.
Jornal O Democrata, Radiodifusão Nacional e Radiodifusão Portuguesa (OD/RDN e RDP): O embaixador acaba de entregar as cartas credenciais ao Presidente da República, um ato que assinala uma nova etapa nas relações de cooperação existente entre Bissau e Tokyo. Qual é o significado deste ato na relação de cooperação bilateral entre os dois países?
Tatsuo Arai (TA): A entrega das ‘Cartas Credenciais’ simboliza o início do exercício das minhas funções como Embaixador do Reino de Japão para a Guiné-Bissau. As cartas foram enviadas pelo Imperador do Japão ao Presidente da República, José Mário Vaz, para anunciar oficialmente as minhas atividades diplomáticas com a Guiné-Bissau, no âmbito da cooperação bilateral existente entre os dois países.
Aliás, as relações entre o Japão e a Guiné-Bissau têm sido sempre muito boas. Eu, como Embaixador, a minha missão é continuar esta relação de amizade e também de cooperação. Vou trabalhar mais e mais na consolidação dessas relações no sentido de permitir que os dois países aproveitem no máximo essas relações de amizade e de cooperação.
OD/RDN e RDP: O Japão é um dos parceiros incontornáveis de desenvolvimento da Guiné-Bissau. De modo geral, como vê as relações entre o Bissau e Tokyo?
TA: As relações são muito boas e consolidadas por meio de parcerias mútuas. O reino do Japão compromete-se a trabalhar para apoiar a estabilidade da Guiné-Bissau e o seu desenvolvimento sustentável! E no âmbito da mesma parceria, a Guiné-Bissau apoia sempre as nossas candidaturas a nível das organizações internacionais ou nas comissões. Podemos dizer que as nossas relações de cooperação bilateral continuam muito boas e ambas as partes continuam a trabalhar para mantê-las.
OD/RDN e RDP: A cooperação entre Japão e a Guiné-Bissau teve inicio nos anos 80 e resultou em grandes investimentos do governo nipónico avaliados em mais de 80 biliões de francos. Senhor embaixador, quais são os setores mais beneficiados?
TA: No âmbito da cooperação japonesa com a Guiné-Bissau, o governo japonês investiu em várias áreas, por exemplo, nas áreas das pescas, da agricultura e na educação. A nível da educação investiu-se mais na construção de várias escolas, porque decidimos promover a educação no âmbito da nossa parceria com a Guiné-Bissau. Para nós esta área é extremamente sensível e é muito importante investir nela.
Apoiamos igualmente as infraestruturas e investimos também em alguns projetos de abastecimento da água potável.
OD/RDN e RDP: Para o governo nipónico é visível este investimento de mais de 80 bilhões de Francos CFA na Guiné-Bissau?
TA: Sim. É visível. Mesmo no Japão é visto através de reportagens e de websites da embaixada e de outras publicações. Na Guiné-Bissau são notáveis esses investimentos nos diferentes setores, sobretudo a nível da educação.
O que queremos para já é que esta parceria seja conhecida pelo povo guineense e que sinta na prática que o Japão é um país amigo da Guiné-Bissau e que está a investir grandes somas para o seu desenvolvimento.
OD/RDN e RDP: O Governo Nipónico sempre deu importantes apoios à Guiné-Bissau, sobretudo, nos domínios das Pescas, Agricultura e Educação. Relativamente à educação, o apoio do Japão limitou-se na construção de escolas e apoio ao programa Cantina Escolar que recebeu o último financiamento em 2017. A cooperação na área de educação não pode estender-se à concessão de bolsas de estudo para Mestrados ou Doutoramentos?
TA: A nível da educação, agora temos um programa denominado de “Africa Business Education – em inglês” que visa dar oportunidades de estudos aos jovens africanos para prosseguirem com os estudos superiores e formar-se em empreendedorismo, através de bolsas concedidas pelo governo do Japão.
Em cada ano, um cidadão guineense beneficia desta bolsa de estudo para prosseguir o seu estudo superior no Japão.
OD/RDN e RDP: O Governo guineense e do Japão reuniram-se em Julho de 2015, em Bissau, numa consulta bilateral no âmbito da cooperação económica. A referida reunião visava analisar em conjunto as estratégias do Japão para assistência à Guiné-Bissau, como também a estratégia 2015/2020 “Terra Ranka” do governo da Guiné-Bissau. Senhor embaixador, o Japão mantem o compromisso de apoiar o projeto “Terra Ranka”?
TA: ‘Terra Ranka’ é um programa nacional, através do qual iniciámos um diálogo com o governo guineense em 2015, com o propósito de apoiar a sua execução. Infelizmente devido à crise, os contatos iniciados acabaram por ser interrompidos. Talvez com o exercício da minha função, como embaixador, poderemos retomar consultas desse género. Quero considerar esta dinâmica como outra etapa da promoção da nossa cooperação.
OD/RDN e RDP: Senhor Embaixador, o governo japonês mantém o compromisso de apoiar o Programa ‘Terra Ranka’?
TA: É claro que mantemos o nosso compromisso neste sentido. Nós queremos prosseguir com a nossa cooperação de acordo com as necessidades do país. Se a Guiné-Bissau consolidou o ‘Programa Terra Ranka’, então através do mesmo poderemos saber quais são as prioridades e avançar com a nossa cooperação no âmbito do programa.
OD/RDN e RDP: A instabilidade político governativa tem condicionado apoios de alguns parceiros tradicionais. O Japão também condiciona a sua ajuda ao país neste momento à estabilidade?
TA: Defendemos a estabilização do país, porque é necessário que haja estabilidade para desenvolvimento do mesmo. É como se diz: o desenvolvimento de qualquer país baseia-se na estabilidade política e governativa. O Japão compromete-se a apoiar a Guiné-Bissau para alcançar a estabilidade política e governativa, bem como apoiar o desenvolvimento sustentável da Guiné-Bissau.
A estabilidade é uma condição muito importante para o desenvolvimento, portanto a Guiné-Bissau precisa trabalhar mais na sua estabilização. Havendo a estabilidade vamos avançar com a nossa cooperação em todos os setores.
OD/RDN e RDP: Voltando ao sector das Pescas, o governo de Japão pretende retomar apoio neste setor, em que financiou alguns projetos de vulto no país nomeadamente, o Centro de Pesca Artesanal de Cacine, no sul da Guiné-Bissau e a transformação do pescado?
TA: Sabemos que o setor das pescas é muito importante e estratégico para o governo guineense, por isso é que nos engajamos sempre em apoiar este setor. Mas é preciso que a parte guineense apresente mais projetos concretos para o desenvolvimento daquele setor. É preciso mais pesquisas para projetos nesta área e que será incluída no nosso programa de cooperação.
OD/RDN e RDP: o Senhor Embaixador anunciou o apoio do seu governo, com uma soma de um milhão de dólares norte-americanos para o governo guineense realizar o processo eleitoral. Senhor Embaixador, existe a possibilidade de estender o seu apoio à media guineense para a cobertura do processo eleitoral?
TA: O governo japonês está disposto a apoiar e a acompanhar o governo guineense na realização das eleições legislativas. Entregamos um milhão de dólares americanos para apoiar a realização das eleições, em particular no que toca aos aspetos administrativos e materiais para votação, entre outros.
OD/RDN e RDP: Não há nenhum apoio específico à media para a cobertura da campanha eleitoral por parte do Japão?
TA: Neste caso, é possível através do pedido do governo guineense. Por enquanto o pedido limita-se apenas para a realização das eleições.
OD/RDN e RDP: Embaixador, o reino do Japão investiu muito nos setores das pescas e da educação. Qual é o volume da divida do Estado da Guiné-Bissau para com o do Japão?
TA: A nossa cooperação tem sido sempre na forma de doações. Não são empréstimos. A construção de escolas primárias, os investimentos nos setores das pescas, da agricultura e outros são investimentos feitos todos na base de doações.
Entre o Governo do Japão e o da Guiné-Bissau não há nenhuma dívida e todos os investimentos do Japão são feitos na base de doações, em nome das relações de amizade e da cooperação entre os dois países.
OD/RDN e RDP: A instabilidade política e governativa é uma das razões que levou o governo japonês a fixar a Embaixada em Dacar. Como comenta esta questão?
TA: Neste momento, a embaixada de Dacar é responsável, ou seja, cobre a Guiné-Bissau. Eu quero vir mais frequente à Bissau para analisar com as autoridades guineenses mais projetos e saber da situação política do país a fim de podermos avançar com a nossa parceria de cooperação.
OD/RDN e RDP: Senhor Embaixador, para quando a instalação da embaixada do Japão na Guiné-Bissau?
TA: Não tenho informações sobre isso!…
OD/RDN e RDP: Em Julho de 2014, o Japão tornou-se Estado observador Associado da CPLP, volvidos quatro anos como está o processo de integração do Japão na Comunidade lusófona?
TA: O Japão é agora o membro observador da CPLP. Desde então temos participado ativamente no processo da comunidade lusófona. Ainda este ano, alguns representantes do governo japonês tomaram parte na reunião ministerial da CPLP, em Julho. A nossa participação é muito ativa e o Japão vai continuar a sua parceria e cooperação com a CPLP.
//O Democrata
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