O analista político Timóteo Saba M’bunde advertiu na terça-feira, 23 de abril de 2019, que a X legislatura não será fácil de gerir se continuar a vigorar “o princípio de soma zero”, a partir do qual os atores políticos buscam ganhar tudo e os adversários perdem tudo. Todavia, admite que as dificuldades podem ser reduzidas em função de diálogo e concessões entre os protagonistas ou partidos políticos.
Timóteo Saba M’bunde falava numa entrevista exclusiva ao semanário O Democrata para analisar atual situação de impasse no parlamento guineense. Na ocasião, Saba M’bunde disse que sistema “soma zero” não é um princípio razoável na política e no caso da Guiné-Bissau não se deve aplicar ainda mais, sendo um país com roturas, fragmentações, mas sim fazer cedências para assim criar condições de estabilidade política e governativa rumo ao desenvolvimento almejado.
Na observação do docente universitário, seria de esperar sempre que o país tivesse um período pós-eleitoral complicado, sobretudo pela falta de diálogo, cooperação e criação de mecanismos para conversar no momento da crise que assolou o país, sendo fundamental na política. Insiste ainda, assinalando que “dito e feito logo na primeira sessão parlamentar reservada a eleição da mesa da Assembleia Nacional Popular, tivemos um senário de muito embate, conflitos e enfrentamento como cartão de visita de que não teremos uma legislatura fácil”.
ESPECIALISTA AFIRMA QUE NÍVEL DE CONFIANÇA É MUITO BAIXO NO SEIO DA CLASSE POLÍTICA
“Tivemos uma campanha eleitoral para eleição dos deputados muito renhida, ouvimos discursos dos candidatos de diferentes partidos muito combativo de enfrentamento e a eleição decorreu em função de grandes roturas, primeiro no Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e depois o próprio PAIGC e o seu aliado Partido da Renovação Social (PRS) no primeiro momento do governo da nona legislatura, uma crise que acabou, abalando todas as instituições do país”, referiu.
O analista político afirmou que a crise vivida durante a nona legislatura descambou para esta parte, justamente porque fez desgastar muito o nível da confiança. Contudo, encara a confiança política como uma coisa fundamental, porque, conforme disse, na política quando o nível da confiança é muito baixo, gera situações de imprevisibilidade, sendo que os atores vão-se comportando e desconfiando um de outro, e a situação acaba por ser complicada.
Tendo adiantado, no entanto, que a crise que abalou os libertadores e que produziu a dissidência de um grupo de parlamentares deu-se a partir de uma perspectiva de ressentimentos, ódio e conflito muitos profundos que acabou, caracterizando os atores, deixando marcas profundas, sobretudo nos dissidentes, onde culminou com a criação do Movimento para a Alternância Democrática MADEM-G15 que acabou de ter um resultado surpreendente de ponto de vista do MADEM-G15 e com isso abriu-se uma guerra contra adversário.
“Acho que a institucionalização do conflito deu-se justamente porque os dissidentes ao criarem MADEM-G15 que conseguiu número bom dos deputados, ou seja, uma bancada parlamentar pode-se dizer sem correr nenhum risco que realmente estamos perante um conflito institucionalizado entre MADEM-G15 e o PAIGC ou se quisermos dizer a bancada do partido que vai formar próximo governo e a bancada da oposição, porque MADEM conta com a solidariedade política do PRS. Se antes nós tínhamos um conflito entre o PAIGC e os dissidentes, grupo dos 15 deputados, e hoje temos um conflito institucionalizado a partir de duas organizações políticas partidárias, o que demostra claramente que conflito ganhou uma dimensão maior ao ponto de estruturar e único mecanismo para sair nessa situação é dialogo e tendências”, aconselhou.
Questionado sobre se é possível ter um parlamento estável nessa X legislatura com essa troca de mimos entre deputados agrupados na coligação e da oposição, Timóteo Saba M’bunde informou que “é muito difícil ter um parlamento estável” na medida em que se abriu um conflito com a não votação do nome de Braima Camará para o cargo de segundo vice-presidente da ANP.
E foi um indicativo, na concepção do MADEM-G15 de provocação, de que realmente o PAIGC não está pronto para fazer cedências para com aquele que os libertadores identificam como o seu principal adversário do ponto de vista individual aquele que combateu o partido, então foi justamente a partir dessa lógica que o nome dele foi chumbado.
“É normal não se escandalizar o facto do nome dele não foi votado, não constitui escândalo porque pelo facto do MADEM-G15 e o PRS votarem Cipriano Cassamá e Nuno Gomes Nabian como presidente e primeiro vice-presidente, respectivamente não é garantia que a coligação votasse o nome do Braima Camará, portanto podemos dizer que talvez tenha faltado bom censo e um espírito muito mais desarmado das questões que já vinham sendo desenhadas desde passado e faltou também ao PAIGC a capacidade de se desarmar disso, mas na política tudo pode acontecer. Não estamos perante o descumprimento de qualquer instrumento regimental da ANP, aliás, os nomes são votados e na votação há duas possibilidades, serem aprovados ou reprovados”, sublinhou.
Timóteo Saba M’bunde admite que nestas situações as implicações políticas são evidentes na medida em que se abriu um precedente a fim de criar mais dificuldades em construir consensos e relações mais solidas, normais e efetivas para que realmente o parlamento possa funcionar naturalmente.
Adiantando que o comportamento do PAIGC em chumbar o nome indicado pelo MADEM-G15 decorreu em função de uma concepção, ou seja, uma certeza de que mesmo votando ou não o Braima Camará o MADEM-G15 constituiria uma enorme pedra nos pés do sapato do PAIGC, porque, adianta analista político, “se tivesse pensado que votar o nome indicado pelo segundo partido mais votado teria uma condição melhor de governação acho que o faria”, mas partindo do pressuposto que é melhor enfrentar logo o Braima Camará, impondo uma derrota simbólica do que votar o seu nome para depois passar por uma situação de enfrentamento, não ajuda em nada.
No entendimento de Timóteo Saba M’bunde, o PAIGC tenta noutra perspectiva evitar o nome do Braima Camará na mesa de Assembleia Nacional Popular, porque seria a mesma forma ter o nome de Braima ou outro nome, uma vez que todas as decisões a volta da figura do MADEM-G15 foram direcionadas à mesa e o lugar que este partido reclama em função de uma concertação prévia da bancada parlamentar do mesmo partido, mas por outro lado faz muita diferença o PAIGC ter como o seu interlocutor Braima Camará na concepção do PAIGC, ou seja, da coligação.
“É melhor ter outro nome. Por isso, o PAIGC tentou evitar o nome do líder do MADEM-G15”, enfatizou Timóteo Saba M’bunde.
ODemocrata
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarQue soma zero? Quem não vota no PAIGC que o deixe de trabalhar! Que negociatas com o prs? Os Madem g15 são dissidentes do PAIGC, e já estão fora do partido desde 2015. Negociar, negociar, pergunto será assim que a Guiné-Bissau vai ficar por um destino e tempo indeterminado??! Deixem os fodoques analistas encomendados. Parem e vão para as leis e os essenciais.O POVO está cansados por diversas crises de índoles étnicos e religiosos. Ao POVO martirizado guineense (ÚRRA E ÚRRA!!), junto lutemos contra partidos étnicos e religiosos.
ResponderEliminarO nível confiança política é baixo em conformidade com os instigadores e em conformidade do nível da irresponsabilidade do presidente da república. Foram da responsabilidade dos instigares e do pr que fez explodir crise desnecessária de 2015. Falam a verdade porque ela é o melhor remédio que DEUS ofereceu ao HOMEM culto.
ResponderEliminar