Fonte: Globo
A cada golpe que aplica nos tatames, uma
judoca pernambucana de 32 anos faz vibrar o povo de Guiné-Bissau e enche
de esperança
a nação da África Ocidental, que não tem sequer um tatame para a prática
do judô
e contará com apenas cinco atletas na Olimpíada do Rio – os outros são
dois da luta olímpica e dois do atletismo. Defender as cores do humilde
país só foi possível depois que Taciana Lima foi derrotada por
Sarah Menezes na seletiva brasileira do peso-ligeiro (- 48kg) para os
Jogos de Pequim 2008 e ficou
arrasada. Para criar um fato novo e evitar a depressão, Taciana,
medalhista de bronze no Mundial Júnior de 2002, decidiu
descobrir o paradeiro do seu pai biológico. Ele havia se envolvido com a
mãe dela no Recife, na década de 1980, quando ainda era estudante, mas
voltou ao país de origem sem saber do nascimento da filha, em
dezembro de 1983.
Ao procurar na internet, a atleta descobriu
que Óscar Baldé
era ministro de Estado da Guiné-Bissau e também tentava lhe encontrar. O
contato foi estabelecido, e,
quatro anos depois, Taciana parou de defender o Brasil em competições
internacionais, naturalizou-se e passou a representar o país de seu pai.
De lá
para cá, foram quatro títulos africanos consecutivos, medalhas em etapas
da Copa
do Mundo e a conquista da vaga para sua primeira Olimpíada. Décima do
ranking
mundial e lutando "em casa", Taciana está confiante na busca pelo pódio
olímpico. O desafio começa no sábado, primeiro dos sete dias de judô na
Rio 2016, na Arena Carioca 2.
- Não tem nenhum tatame na Guiné-Bissau, não tem uma área de
judô para as pessoas treinarem. Então eu quero tentar deixar um legado, e ganhar uma
medalha olímpico seria algo muito importante. Eu confio que vou brigar por
medalha, porque tenho treinado muito para isso. A categoria está muito forte,
mas não tem uma grande favorita para ser campeã - comentou Taciana, após
treinamento no Parque dos Atletas, no Rio.
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Como não há estrutura para a prática de judô na Guiné, a
pernambucana guineense vive e treina há três anos na capital portuguesa, Lisboa, onde é atleta do
Sporting. Lá, ela se exercita junto com alguns membros da seleção lusitana.
Mas isso não impede Taciana de ser uma celebridade no país da bandeira que ela
carrega costurada no peito do quimono.
- As pessoas brincam que eu sou a rainha de Guiné. Eu vou
até lá algumas vezes durante o ano e sou reconhecida nas ruas. As pessoas me dão muito
carinho, e eu vou em programas de televisão. Eles vibram muito com os meus
títulos, principalmente os africanos - conta.
quinta-feira, 4 de agosto de 2016
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