O não cumprimento do calendário eleitoral, que previa a realização das eleições legislativas na Guiné-Bissau em Novembro 2018, é “uma tentativa de prorrogar o sequestro de um Governo democraticamente eleito”, considera o presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, que arma também que a Guiné-Bissau desde 2015 está “numa situação de Golpe de Estado”. Em entrevista à e-Global, Domingos Simões Pereira defende que a posição do PAIGC é “a mesma”. Para o dirigente politico guineense deveriam ter sido realizadas eleições legislativas antecipadas no país desde 2015, tendo em conta que o Presidente da Republica “não aceitou que o partido que ganhou as eleições governasse”.
Se não
houver o
“devido
acompanhamento por parte da
CEDEAO
permanecem
os riscos de
nova crise
política”
“A solução que foi
encontrada é uma solução
que teve o patrocínio da
CEDEAO, o Presidente da
República não nomeou um
Governo e não xou
a data
das eleições com base na
Constituição. Ele fez isso
com base no consenso que
foi estabelecido sob
patrocínio da CEDEAO, ou
seja, entramos num quadro
de excepção”, sublinha
Domingos Simões Pereira
que considera que se não
houver o “devido
acompanhamento por
parte da CEDEAO
permanecem os riscos de
nova crise política”.
“Estamos a aproximar-nos
do m
do reinado de gente
que sequestrou o poder.
Desde de 2015 nós
estamos numa situação de
Golpe de Estado, ou seja, o
poder instituído por via das eleições em 2014 foi
sequestrado por gente que
não ganhou as eleições e
deteve esse poder. Ao
chegarmos ao m
desse
período, ou as mesmas
instâncias que conseguiram
o consenso para a
marcação das eleições
põem-se em campo e
exigem que esse
cumprimento se realize ou
eles vão tentar de alguma
forma revalidar o
sequestro do poder”,
considera o líder do PAIGC
que interpreta a “tentativa
de adiar as eleições para
2019”, através da
instrumentalização dos
múltiplos problemas
registados durante o
recenseamento em curso,
como “uma tentativa de
prorrogar o sequestro”.
Reagindo à nova força
política na Guiné-Bissau
constituída por dissidentes
do PAIGC, o Movimento da
Alternância Democrática
(MADEM), coordenado por
Braima Camará, o
presidente do PAIGC diz
que o seu partido não tem “receio nenhum em relação
ao MADEM”.
Para
Domingos
Simões
Pereira o
MADEM é
uma
organização
que aposta
“completamente
no
tribalismo” e
sublinha que
“são eles
próprios que
assumem”.
“O MADEM tenta gerar a
confusão. Eles usam os
símbolos e as cores que
sabem que são do PAIGC.
Às vezes dizem que é a
mesma estrutura do
PAIGC. Tentam criar a
amálgama. Por um lado não
é honesto, por outro lado
mostra que não conam
nas suas próprias forças”.
Para Domingos Simões
Pereira o MADEM é uma organização que aposta
“completamente no
tribalismo” e sublinha que
“são eles próprios que
assumem”.
Sem referir uma religião ou
etnia, Domingos Simões
Pereira refere que “até aqui
nós tínhamos um partido
etnizado, que era o PRS
num sentido, agora temos
outro que está no outro
sentido e que também
junta a componente
religiosa. Assumindo isso
como a sua principal maisvalia”.
Para o líder do PAIGC o
MADEM é um “partido a
prazo” que surge num
período de desfecho
político como “mais um
instrumento de pressão”. “O
MADEM vai desaparecer a
médio prazo. É uma
realidade. O MADEM não
existe para ser uma
alternativa política. O
MADEM tenta convencer o
povo guineense que são
uma força, para fazer
pressão. O MADEM nunca
escondeu que para
organizar meetings paga às pessoas, mas vai pagar para
eles votarem?”.
“Já existe um
compromisso
da
Comunidade
Internacional
com a GuinéBissau,
mas
para a
Comunidade
Internacional
essa GuinéBissau
é o
PAIGC”
Segundo Domingos Simões
Pereira o programa do
PAIGC está assente em seis
eixos. “Incorporamos seis
documentos fundamentais.
Retomamos o programa
eleitoral de 2014,
retomamos o plano
estratégico operacional
“Terra Ranka” assim como a
visão estratégica que
apresentei ao Congresso
do partido em 2018.
Mantemos os eixos de
actuação do nosso plano
estratégico, mas acrescentamos duas
componentes, que são a
biodiversidade, que não
estava no plano
estratégico, e colocamos os
recursos humanos como
um factor transversal em
todo o processo. Ou seja,
voltando ao original
continuamos a ter os eixos
de crescimento, tais como a
castanha de caju, o turismo,
as pescas e o segundo
factor são os factores
catalíticos que são a
energia e a governação
electrónica e tudo isto
depende de um ambiente
de paz e estabilidade”,
expôs Domingos Simões
Pereira que acredita na
exequibilidade do seu
programa tendo em conta
que “já existe um
compromisso da
Comunidade Internacional
com a Guiné-Bissau, mas
para a Comunidade
Internacional essa GuinéBissau
é o PAIGC”, sublinha.
“Tiramos lições”, refere
Domingos Simões Pereira
fazendo alusão ao longo
período de crise política na
Guiné-Bissau, “aprendemos que o princípio de inclusão
que adoptados em 2014,
que visava sobretudo evitar
distracções e focalizar no
princípio da governação, é
algo que ultrapassa a
capacidade de
compreensão de muitas
entidades, nomeadamente
de alguns partidos com
quem partilhamos a
governação. Alguns dizem
que foi o PAIGC que os
convidou porque não
tínhamos a capacidade de
governar sozinhos. Nós
camos
atentos ao que
devia ser a reacção das
bases desses partidos.
Essas lideranças foram
renovadas. Eu garanto que
vamos continuar abertos
para dialogar com todos.
Aprendemos muito durante
estes três anos. O partido
está preparado para
assumir novas
responsabilidades, em
2014 nós não sabíamos
tudo o que sabemos hoje”.
eglobal
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