Parte 1/3
A escolha de quem pode e
deve mandar em nós
Quando um Eleitor (Mulher
ou Homem), nos regimes da Democracia Parlamentar Representativa e de
Estado de Direito, vai votar, a sua preocupação central deve ser sempre
centrada numa reflexão séria a operar à volta do seguinte aspeto do ato em
vista a cumprir; ou seja, a seguinte preocupação deve ter constituído já há
muito tempo o objeto central da sua reflexão:
«Não vou escolher nem o
Candidato ‘A’, ‘B’, ou ‘C’, etc., ou não vou escolher nem o Partido ‘A’, ‘B’ ou
‘C’, etc.; mas sim, devo saber, devo estar consciente e estou consciente, de
que, quem vou escolher ou devo escolher, deverá, vai ser, é o Candidato ou
Partido, que, a partir das horas seguintes à execução deste meu ato, irá
inelutavelmente transformar-se em aquele alguém, a quem será doravante
atribuído, investido e consequentemente, terá o poder de modelar para os
próximos 5 ou 4 anos (no caso da Guiné-Bissau), o meu destino; o destino
do meu marido [se é Mulher e casada] ou da minha esposa [se é Homem e casado]; os
destinos
das minhas crianças [se tem]; os destinos de todos os meus
próximos, de toda a minha gente querida em geral, de todos os cidadãos da minha
comunidade na e da minha Tabanka, na e da minha Região e, no e do meu país
inteiro».
Enfim e numa só palavra,
«vou escolher o Candidato ou Partido, que, nos próximos tempos, neste antes referido
espaço de tempo, irá modelar os destinos
de todas e todos, juntos, da minha comunidade. Independentemente, de quem um ou
outro tenha identificado e acolhido, ou não, como o seu Candidato ou Partido de
preferência; ou de quem tenha decidido, ou não, ir atribuir-lhe e/ou tendo
acabado por atribuir-lhe, ou não, de facto, o seu voto no respetivo ato votivo».
Eis a realidade. O então
Eleito Candidato (Mulher ou Homem) ou Partido, se torna logo, imediatamente e
doravante, o Modelador principal e decisivo dos destinos de todas
e todos, juntos, sem exceção; sim Senhor!, de todas e todos, sem exceção,
juntos!!!
Porque no ato de voto, o
Eleitor é chamado a responder sempre esta seguinte interrogação (velha como a
própria existência dos seres humanos): QUEM PODE E DEVE MANDAR EM NÓS”? Bem
entendida, em “nós”. E não em “mim” sozinho, “nela” ou “nele”. É sim, sempre,
em “nós”, todos “nós”, juntos. Continuação na parte 2/3.
Parte 2/3
O que deve saber uma
Eleitora/um Eleitor quando vai à cabine de voto
Pode-se exprimir essa
ideia toda, antes registada, ainda em outras palavras, utilizando outros
termos, na tentativa de sempre fazer ver melhor o significado profundo da
importância, nos regimes da Democracia Parlamentar Representativa e de
Estado de Direito, da função e rol de qualquer ato votivo, de quem é
chamado por direito a ir votar, vai e executa esse seu direito e poder, de
facto.
Quer dizer, com efeito, quando
vai à cabine de voto, o Eleitor deve sempre ter na mente, de que, o Candidato que
vai eleger, ou, os cidadãos como ele, que se vão tornar titulares de cargos
públicos (políticos ou burocratas) em nome do Partido (ou Partidos) que logo vai
eleger, serão doravante investidos de prerrogativas que, de lá em diante, vão
(as prerrogativas) fazer deles (os eleitos), os detentores e exercitores por
direito, de todo o poder político. O todo o poder político esse, que, quando
visto num dos seus extremos, será doravante aquele que abrange até a, de poder
sentenciar com a pena máxima (por exemplo capital) e/ou de amnistiar
(mandar perdoar e deixar na vida) o Eleitor ele mesmo na sua pessoa (claro, sempre
no quadro da ordem pública ora estabelecida pelas Leis em cada caso);
o todo
o poder político esse, cujo, apenas um “pedacinho” constitui a
quota-parte pertencente a cada Eleitor. O tal “pedacinho” quota-parte que, após
ter procedido portanto a seu ato votivo, vai ser detido agora em diante pelo
Eleito. Porque o Eleitor tendo-lho atribuído em definitivo, evidentemente, pelo
seu voto. Este “pedacinho” quota-parte de todo o poder político, mudando então
do seu detentor originário (o Eleitor), para um outro, novo (o Eleito), para todo
o próximo período de 5 ou 4 anos, como já dito mais acima.
O Eleito que se verá transformado
assim logo então, em grande detentor novo, não apenas daquele um e único “pedacinho”
quota-parte de todo o poder político, mas sim, do poder político inteiro no
seu todo, na sua totalidade; no sentido de tudo juntado num único pedaço grande
(gigante) do poder, porque formado pelo conjunto de todos os “pedacinhos”
quotas-partes de poder de cada um de todos os Eleitores.
Quer dizer, tanto os dos
que têm votado no Candidato ou Partido então eleito, assim como os dos que têm
votado em outros Candidatos ou Partidos não eleitos, passando ainda e sobretudo,
pelos que não foram votar. Todos! O tal Eleito tornando-se logo assim naquele
alguém dotado da força superior, muito maior, a de qualquer outro Eleitor ou
algum grupo de Eleitores (não de todos juntos num corpo único e numa só voz = o
Soberano), tidos sozinhos e isolados.
O que significa que, após
o Eleitor ter exercido o seu direito e poder político de voto, segundos após esse
exato momento de voto, ele fica doravante de mãos limpas, sem mais nada. Em
outras palavras, vai e entra na cabina com um “pedacinho” quota-parte sua, de todo
o poder político e saí sem nada. Deve bem saber isso, quando vai à
cabina de voto.
E, na Guiné-Bissau, ele
deve saber ainda, de que, ao lado deste seu meio, o voto (instrumento), não
possui nenhuns outros (instrumentos de uma oposição eficaz; outra história que
deixamos aqui de lado) que o permita levar à demissão, ou que o permita destituir
o Eleito, quando este vier tornar-se um mau governante, antes
que cause demasiados danos; que permita força-lo à demissão ou destitui-lo sem
derramamento de sangue. Deve saber, de que, aí, nessa que é a Guiné-Bissau desses
nossos tempos, ainda não existe nada de tudo isso; de que isso é a “coisa” que
ainda aí constitui as grandes fraquezas da jovem Democracia neste país. De que,
atualmente, neste sentido, consegue-se, é, apenas denunciar o que não presta na
governação dos Eleitos, apenas protestar; ponto e mais nada.
Parte 3/3
A interrogação de quem pode e deve mandar em nós nunca é deixada em
branca
Há ainda um outro aspeto do problema nesta interrogação de QUEM PODE E DEVE MANDAR
EM NÓS. É que esta interrogação nunca pode ser deixada e nunca é deixada em branca,
sem resposta. Nunca! E isso é assim desde a sua génese no sentido aludido mais
acima. Pois, se não é respondida em geral ou ciclicamente, por exemplo, no caso
dos regimes da Democracia Parlamentar Representativa e de Estado de Direito,
os que uma vez estão a mandar ficam a mandar para até a sua morte. Depois, se
tudo ficar no seu bel-prazer, virão os seus descendentes ou outros por eles
designados. O regime concernente em cada caso logo se vendo descaracterizado
então totalmente.
O que significa que, um
Eleitor, do ponto de vista da utilização do seu “pedacinho” quota-parte de todo
o poder político, passando pelo seu direito de voto (a sua única arma portanto
neste affaire), não tem alternativa em relação a sua função de ir executar este
seu direito e poder. Porque se se recusa e não vai votar por razões quaisquer,
e suponhamos que ninguém vai votar como ele (episódio totalmente improvável e
portanto irrealista), continuará um destes cenários do bel-prazer tal como
antes descrito.
Quer dizer, ele falhará a
sua ocasião única, de coparticipar e contribuir na delegação, aos Eleitos,
segundo a sua consciência, vontade e livre escolha, do seu “pedacinho”
quota-parte de todo o poder político, para a formação do que é sempre
existente e que sempre vai existir em como o todo o poder político único grande
(gigante), no caso da Guiné-Bissau, para logo mais outros próximos 5 ou
4 anos. Exercido durante este período sobre ele mesmo, sobre os seus bem
queridos e sobre os outros seus iguais, todos juntos.
Assim sendo, quem se
recusa deliberadamente não ir votar, sem razão e causa justas, deixa em última
análise, sem mais e sem menos, os outros mandarem nele como quiserem, a
bel-prazer.
Eis em suma, tudo o que deve
constituir, sem nenhuma alternativa positivamente válida em benefício próprio, o
objeto de reflexão séria na preocupação de quem se põe a caminho da cabina de
voto no dia de cada votação, nos regimes da Democracia Parlamentar
Representativa e de Estado de Direito; a notar, em suas formas tanto da
República assim como da Monarquia.
Obrigado.
Pela honestidade intelectual, infalível...
Por uma Guiné-Bissau de
Homem Novo (Mulheres e Homens), íntegro, idôneo e, pensador com a sua própria
cabeça. Incorruptível!
Que reine o bom
senso.
Amizade.
A. Keita
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