Da Colômbia sai a cocaína, mas também barcos para vigiar narcotraficantes na Guiné
| Mundo
A Colômbia está referenciada como um dos países de origem do tráfico de cocaína que tem passado pela Guiné-Bissau, mas um novo carregamento promete destoar da história da última década.
Dentro de dias, aquele país da América do Sul deverá colocar a caminho de Bissau dois barcos de vigilância fabricados para combater o narcotráfico e outras formas de crime organizado, disse à Lusa fonte das Nações Unidas.
As embarcações do estaleiro colombiano do Grupo BW são anunciadas na Internet e a empresa venceu um concurso internacional lançado no âmbito da Iniciativa da Costa Ocidental Africana (WACI, sigla inglesa) de combate à criminalidade.
Até final do ano, a Guiné-Bissau deverá receber dois barcos, cada qual com 7,60 metros de comprimento e dois motores de 150 cavalos, prontos a transportar equipas policiais de oito elementos.
O financiamento foi desbloqueado pelo Escritório das Nações Unidas para a Droga e Crime Organizado (UNODC) junto da Áustria, país que é um dos parceiros bilaterais, tendo em conta que a Guiné-Bissau tem 80 ilhas e ilhéus no Oceano Atlântico praticamente sem vigilância.
As duas novas embarcações vão receber o nome de históricos marinheiros guineenses e ser usadas no âmbito de um memorando de entendimento celebrado entre os ministérios da Justiça e do Interior de forma bastante "cooperante", destacou fonte da UNODC.
A Guarda Nacional vai operá-las e usá-las em patrulhamento, sendo que os barcos estarão também ao dispor da Unidade de Crime Transnacional, que junta elementos de diferentes forças de segurança guineenses, acrescentou.
Além da ameaça do narcotráfico, as embarcações podem ajudar a detetar outros crimes, como o tráfico de seres humanos, referiu a mesma fonte, apontando como exemplo o caso de 27 migrantes ilegais resgatados em setembro junto a uma das ilhas guineenses, depois de detetados ao acaso por um pescador.
A iniciativa WACI foi criada para implementar unidades contra a criminalidade transnacional em três países-piloto da sub-região da África Ocidental em que há uma missão de paz da ONU: Guiné-Bissau, Libéria e Serra Leoa.
No que ao tráfico de drogas diz respeito, a 12 de novembro de 2007 a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) fez uma denúncia de cumplicidade de ministros e militares da Guiné-Bissau com narcotraficantes colombianos.
Desde então, os relatórios de organizações internacionais como a UNODC indicam que, ao longo dos anos, a cocaína tem saído da Colômbia, Bolívia e Peru, por vezes passando pelo Brasil, para a África Ocidental - onde é comercializada e empacotada para ser introduzida ilegalmente na Europa e noutros pontos do globo.
Desta vez, da Colômbia vai chegar uma solução para mitigar o narcotráfico nas águas das ilhas Bijagós.
A falta de controlos fronteiriços eficientes no território guineense, tanto em mar como em terra, tem motivado outras iniciativas para tentar resolver o problema.
A UNODC e a Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) apresentaram este ano um projeto para reforço dos postos fronteiriços terrestres.
A iniciativa deverá avançar com apoio do Fundo de Consolidação da Paz (PBF, na sigla inglesa).
0 comentários:
Enviar um comentário