Declarações de Sori Djaló, candidato à liderança do PRS:
-Porque decidiu candidatar-se à liderança do PRS?
Porque tenho experiencia de 25 anos neste partido, alias,
sou um dos
fundadores do PRS, como se sabe, e por ter liderado este
partido
durante nove anos, ainda que de forma intercalado, sinto que
posso ser
útil ao PRS.
Lembro que foi durante a minha presidência no partido
(indicado por
Kumba Ialá, presidente eleito mas que delegou no Sori Djalo
a direcção
do PRS) que ganhamos as primeiras e únicas eleições gerais
na
Guiné-Bissau, em 2000, as legislativas e as presidenciais.
Também decidi candidatar-me porque não concordo com a forma
como o
partido tem sido dirigido pela atual direção. A forma como
esta
direcção está a conduzir o PRS representa um perigo para o
partido no
futuro. É errada a forma como Alberto Nambeia tem estado a
conduzir o
PRS, porque está a criar um precedente grave em democracia.
-Explique-se melhor, por favor….
É simples. Um partido ganha as eleições, mas aparece outro,
neste
caso, o nosso partido, que não ganhou, a governar. Isso é
mau para a
democracia. Imagina que se amanha o PRS vem a ganhar as
eleições e se
alguém lhe tirasse o poder e entregasse a quem perdesse as
eleições.
Eu quero colocar um ponto final nisso.
Queremos mudar a direcção do partido para estancar essa
hemorragia democrática.
Mas o mais grave de tido isso é termos um líder do partido
que não
sebe falar nenhuma língua estrangeira. Só fala crioulo e
Balanta.
Decidi apresentar-me à corrida para liderar o PRS, de novo,
porque
sinto que há falta de transparência na gestão dos assuntos
do partido.
Não há reunião dos órgãos de decisão, por exemplo, a
Comissão
Executiva, que deveria reunir-se sempre que haja algum
assunto
importante, raras vezes foi convocada, quando é nesse órgão
que somos
informados da vida do partido e das decisões a serem
tomadas.
Ao contrário, apenas se ouve que as decisões foram tomadas,
sem que se
saiba como.
É por estas e outras razões que muitos dirigentes saíram do
PRS para
se juntarem ao partido do Nuno Nabian.
Alberto Nambeia fala sozinho com o Presidente da República,
nunca vai
aos encontros com o Presidente na companhia de outros
dirigentes.
Nunca se sabe o que andou a tratar com o Presidente da
República.
Assim acaba-se por acreditar nas especulações, nas
suspeições, que são
levantadas na praça pública de que ele terá um acordo
secreto com o
Jomav para o apoiar numa corrida presidencial para a sua
reeleição.
Ele que nos diga se é verdade tudo isso ou não…..
-O que acha da presença do PRS nos sucessivos governos de
iniciativa
do Presidente da República?
O PRS não pode estar num Governo cujo primeiro-ministro é
ilegal, que
não tem programa de governação e Orçamento Geral do Estado
aprovados
pelo Parlamento. Isso é mau, tanto mais que se sabe que este
governo
governa sem aqueles instrumentos importantes.
Como é que este Governo irá justificar os gastos que andou a
fazer
esse tempo todo?
Quero um esclarecimento cabal da atual direção sobre o
processo da
adesão do PRS ao IDC (Internacional Democrata Centrista),
porque este
processo não obedeceu aos preceitos estatutários do nosso
partido.
Antes de qualquer adesão num espaço desses devia haver uma
revisão
estatutária, ainda que pontual, e como se sabe só o
Congresso tem a
competência de revisão dos estatutos do PRS.
Parece-me que esta decisão (da adesão ao IDC) foi tomada num
órgão sem
competências para o efeito.
-Como analisa os preparativos para o congresso, corre tudo
bem?
Tenho fundadas razões para afirmar que a COC (Comissão
Organizadora
do Congresso) está a promover muitas irregularidades nisto
dos
delegados ao congresso. Mas havemos de lá chegar.
-A COC diz que é tudo limpo, até porque os delegados estão a
ser
eleitos e não indicados. Concorda?
Não concordo porque o que se passa é a designação de
delegados que
podem ser eleitos. Ora quem designa sabe a priori que vão
ser
seleccionados delegados da sua conveniência. Ouve-se falar
na
existência de duas listas de delegados para serem eleitos,
uma lista A
e outra B.
Vamos tirar tudo isso a limpo antes do Congresso.
FIM
