Perante novas
evidências da interferência do Presidente e seus acólitos na vida política do
país, sempre que parece que já vimos tudo ou difícil de imaginar o pior, lá
surge mais um caso, mais uma montagem, mais uma intriga.
Todo o reportório
já foi imaginado e executado nesta legislatura. É verdade que já tivemos muitas
crises e muita instabilidade no passado, mas hoje ninguém parece ter dúvidas de
que esta já bateu todos os records, tudo o que de mais extraordinário e
terrível se pode pensar e, sobretudo com o envolvimento direto do primeiro
magistrado.
Nesta última fase,
já se conseguiu atrasos sucessivos no processo, a escolha dos piores cenários
para tornar o recenseamento o mais complicado possível, instruir Embaixadores a
bloquear o processo, ter Secretários Gerais de partidos a perturbarem as mesas
de recenseamento, falsificar e inventar boletins falsos para desacreditar o
processo. Tudo tem valido, para o que seria o Plano A desta fase derradeira –
tentar forçar a queda e alteração do governo, conseguir o adiamento das
eleições e se possível a sua coincidência com as presidenciais.
Tudo isso foi sendo
sistematicamente denunciado, e a comunidade internacional, sobretudo a CEDEAO,
mostrou estar atento e disposto a não se deixar levar, pois também joga o seu
prestigio.
Depois da última
tentativa, tudo parecia estar esgotado e agora não restar outra diligência que
não seja avançar para as eleições, com legislativas agora e presidenciais em
meados do próximo ano.
“Vacinados” pelas
incidências múltiplas dos últimos três anos, todos questionaram se era desta
que o PR deixava o país seguir o seu curso, indicando aos seus apoiantes já não
dispor de outros recursos que não fossem, respeitar a vontade do povo e aceitar
a sua sorte.
E eis que uma nova
formula é desvendada, para expiro da Ciência Política e incredulidade dos
otimistas incorrigíveis – “comprar viaturas para os Presidentes dos Sindicatos”
e convidá-los a refeições no palácio, para incentivá-los a manter a greve que
paralisa o ensino do próprio país; paralelamente, convocar os partidos e
movimentos de seu apoio para tentar desta forma novas formulas para comprometer
o processo eleitoral, adiar sine die as eleições e o país e tentar a todo o
custo pôr em causa a paz social, a estabilidade e o funcionamento do processo
democrático. Na mesma perspetiva, instruir o Ministério Publico para lançar uma
campanha de perseguição aos agentes do GETAP e paralisar o processo.
Finalmente, preparar o sindicato dos magistrados para lançar uma greve e
paralisar o Supremo Tribunal de Justiça e assim inviabilizar a receção das
listas de candidatura.
Com tudo isto, há
recados obrigatórios para toda esta gente:
1.
Ao PR – “infelizmente, já não há
nada que possa dizer ou fazer para que os seus pares e seus conterâneos o oiçam
com atenção e respeito. A obsessão em derrubar o governo para poder formar
outro, de sua iniciativa, ou ainda provocar uma profunda remodelação, não faz
qualquer sentido porque tanto a greve como os atrasos do processo eleitoral são
da sua responsabilidade. O melhor que irá certamente conseguir é acelerar e
antecipar o processo da sua responsabilização;
2.
Aos Sindicatos – podia-se compreender
que as dificuldades que enfrentam e a tentação de também embarcar nessa onda de
bloqueio e aproveitamento fosse difícil de dispensar. Mas, os profissionais
sinceros merecem um maior respeito e serem melhor representados, para que em
entendimento e coordenação com as tutelas possam construir consensos a favor do
que devia a ser a nossa grande prioridade, o funcionamento dos sectores, seja a
Educação, a Saúde ou a Justiça;
3.
Aos Partidos Políticos – Em
democracia, o povo é a instância máxima e, de sua decisão não há recurso
possível. Não lhes resta outro caminho que não seja ir enfrentar a vontade
popular e aceitar o veredicto do povo sobre, a quem confia a sua representação.
Conferências de imprensa com mais montagens e mais mentiras não deverão servir
grande coisa agora.
À Comunidade
Internacional vai o apelo à atenção para o momento crítico a que todo o
processo está chegando e que exige uma reação forte e determinada para acabar
de vez e definitivamente com esta autêntica tentativa de aniquilação do Estado
na Guiné-Bissau. Para o efeito, agora se comprovando que as sanções foram
levantadas demasiado cedo, há que tomar medidas mais drásticas e mais
dissuasoras e que demonstrem que ainda há controlo deste espaço, não permitindo
o seu sequestro por gente à margem das leis.
Mas o apelo maior é
para todo o povo guineense, que tem de se preparar para defender a sua
liberdade e as conquistas que lhe animam à construção do Estado de Direito
Democrático. Temos de afastar o nosso comodismo e, tal como os Combatentes
durante a luta de libertação, irmos resgatar o nosso país e o nosso futuro.
O recado ao
Presidente da República vale o que vale, porque ele sabe que em condições
normais já há muito que devia ser traduzido em justiça, de tanto atropelo às
leis, de desprezo aos princípios da vida democrática e desrespeito pela
esperança de todo um povo.
Há limites para
tudo na vida. Chega de brincar com o país, chega de provocação e chega de
confiscar e sequestrar a vida do país.
Temos de ir a
eleições, já!
SS
SS, falou e bem; obrigado pela reflexão.
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