O economista Santos Fernandes considerou hoje que o setor da justiça e falta de empreendedorismo dos guineenses tem prejudicado o investimento externo na Guiné-Bissau.
Segundo o economista e antigo professor da Universidade Colinas de Boé, o "lóbi de dentro para fora não ajuda".
"Acho que o próprio guineense quando aborda as várias questões da Guiné acaba sempre por bater na mesma tecla. Nos últimos 20 anos temos tido problemas de autoestima em relação à Guiné, pode ser um conceito de psicologia, do comportamento das pessoas, mas esse comportamento das pessoas também desencoraja o investimento", afirmou à agência Lusa.
Para o economista, o setor da justiça também não tem ajudado.
"A par da questão política, que não vale a pena frisar, há a questão da impunidade. Tem havido situações com investidores estrangeiros que se queixam muito da nossa justiça e este é um fator que condiciona muito o investimento estrangeiro", disse.
Mas, salientou, há "muito investimento estrangeiro informal", que deve ser repensado.
"Nós temos uma economia extremamente informal e muito açambarcada pelos estrangeiros. Segundo os números, mais 90% das nossas pequenas e médias empresas são detidas praticamente por estrangeiros, nomeadamente os nossos irmãos da Guiné-Conacri, Senegal e Mauritânia, que estão a ocupar esse espaço", sublinhou.
"Os guineenses reclamam muito, mas não conseguimos encontrar empreendedores guineenses em padarias, restauração, tudo isso está tomado pelos estrangeiros de uma forma assustadora", acrescentou.
O economista alertou também para o facto de a economia informal não pagar impostos ao Estado, o que impede, depois, o Estado de investir.
"Se o Estado não consegue arrecadar, há uma enorme evasão fiscal. Não arrecada porque a economia é informal e nessa economia informal não há guineenses, há promiscuidade com os guineenses, mas não há guineenses nas pequenas empresas", insistiu, acrescentando que tudo aquilo acabar por prejudicar o emprego e a resolução de problemas básicos.
Guinendade-Lusa
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