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Guineendade

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domingo, 8 de abril de 2018

OPINIÃO: NÃO TEMOS DIREITO A NÃO TER A ESPERANÇA



Professor Marcelo Rebelo de Sousa (agora presidente da República de Portugal) quando fazia abertura do ano lectivo no ISCTE (onde se fez também homenagem ao histórico professor Adriano Moreira), abriu o seu discurso dizendo o seguinte: “ninguém tem o direito de matar a esperança de ninguém”. Esta colocação não estava vazia e tinha uma intenção de comunicação profunda dispensando uma simples retórica. Eu diria agora que sim, ninguém tem o tal direito, muito menos os malcriados de Bissau. A História da humanidade nos ensina e tem ensinado que o nosso mundo é imprevisível – para o bem e para o mal.
Hitler convenceu Stalin de que acordo tripartite (assinado em 1939) era apenas para demolir o império britânico e manter os EUA fora da guerra na Europa e, depois manter o acordo secreto com a Rússia, Stalin chegou a discursar dizendo que URSS e Alemanha estariam juntos para o que der e vier. Por ironia do destino, quando Hitler queria tudo e um pouco mais, incluindo invadir à URSS, o cenário se inverteu, no final à URSS foi a condição sine quo non para fim da aventura tola de Hitler. O que sabemos sobre amanhã, é que apenas imprevisível vai-se manter. Francis Fukuyama chegou a eleger queda de “Muro de Berlim” como fim da história, deduzindo de que o mundo havia encerrado a mais difícil questão da História da segunda metade do Século XX. Bem longe, Fykuyama podia-se imaginar que o terrorismo seria um outro truculento questão do nosso tempo, como chegou-lhe rebater Carlos Lopes (ex-ONU)- “(…) pela infelicidade de Fukuyama, a História não acabou”.
Tendo compreendido as curvas imprevisíveis do nosso tempo, podemos admitir que, apesar de Guiné-Bissau ser um assunto irritante para as Relações Internacionais e desgastante para os guineenses, nem tudo está perdido, há sempre uma luz verde! Uma ES-PE-RAN-ÇA. 44 anos sem um governo indicado por Portugal (independência), com a bandeira própria e um hino nacional (soberania assegurada), ainda é um país à deriva, frágil, sem capacidade ou condições para se lançar a nada, ipso facto não pode se lançar de facto a nada nestas condições.
As incontáveis eleições não resolveram muita coisa.  Talvez fosse um caso de estudo para Monografia, compreender como foi possível e através de que mecanismos na Guiné-Bissau nenhum presidente chegou a atingir o seu tempo normal de mandato – golpes e contragolpes se confundem com levantes e insurreições – Guiné-Bissau é um protótipo de imprevisibilidade (ora de nkadja ka tem) institucional. Tem problemas que aparentemente muitos países já superaram e estão superando. Em seus hospitais (se é que tem muitos!), pacientes ‘encantoados’ e ‘amontoados’ numa cama e mulheres grávidas sem condições de assistência decente ainda é um problema. Pede-se junta médica para patologias mais triviais. Cenário de um Estado falido e sem eficácia. Para quando a eficiência? Somos um exemplo claro de um possível Estado falhado, agora sim acabei por ter que aceitar que somos um típico de Estado falhado, o meu ilustre e Dr. professor de Ciências Políticas da Unilab (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira), Ricardo Ossagô, assim ficaremos até que me encontre um conceito que caiba melhor à Guiné (eu já recusei este termo). Estou perante o texto mais emotivo da minha autoria, não me pretendo académico. Mas como sempre digo, é bom sempre aprender com a História dos povos – Nação Servia, (pesquisem!).
Toda esta realidade não deve ser desassociada da nossa gloria epopeia. Quando refiro-me ao nosso passado, quero colocar o seguinte: Toda odisseia tem um início/começo, e sempre que as coisas desandam, é preciso olhar para trás e tentar ver/tirar lições possíveis e etc. Mas não quero me ajuntar àqueles que julgam ser erros do presente personagens do passado (kê Cabral tam cu sinanu cuma depois de guerra pa ninguim ka rispita ninguim?). É preciso que tenhamos a coragem de assumirmos enquanto atores do nosso tempo. Muitas vezes a História é apenas um subterfúgio. O prelúdio da nossa construção enquanto “nação” foi sim bem pensado, não tem como não acreditar que com Cabral Guiné seria outra coisa, a poética conversa dele com Basil Davinson parece canto dos salmos nas matas de Uatu fula (Bolama). Eram palavras de quem tinha uma certeza no devir. Preciso debater a nossa história para corrigir, onde estava a mulher na luta e onde está a mulher hoje, o que ensino para Cabral e o que é ensino para os que governa a Guiné-Bissau hoje? Quem não sabe a História, uma pedra é apenas uma pedra.
Decidi escrever esse texto, pois julguei ser importante, apesar de tudo não perder a esperança. A esperança que outrora animou as mulheres de Sul da Guiné durante toda odisseia libertária, a esperança que animou os antigos combatentes durante os 11 anos da guerra, é preciso que acreditemos que ainda é possível, sim, fazer uma Guiné bonita, forte, desenvolvida e com progresso. A persistente crise é demolidor, admito, irrompeu as mais ensejadas relações entre a família guineense, criou uma crispação nacional e polarização aguda entre os filhos de Cabral. Por isso venho dizer – TEMOS QUE TER ESPERANÇA, PELO MENOS. Perante a inexistência dum dicionário possível entre os Atores políticos guineenses, perante o desregramento geral das normas mais latentes e óbvias, perante o empobrecimento da política, só resta ter a fé e esperança.
Parece que acabou a Guiné-Bissau, mas, os guineenses resistem, mesmo contra tudo e estando numa nítida queda livre – não há debate sobre educação, sobre ensino, sobre a equidade entre homens e mulheres, sobre plano e políticas de desenvolvimento, sobre plano estratégico [investimento na formação de base e nas camadas juvenis] duma seleção nacional de futebol com padrão FIFA.  É uma sociedade ao inverso a tudo que é ético e educativo. Recentemente, alguém (músico) editou um álbum com 40% de letras ofensiva às mulheres, encheu Estádio nacional 24 de Setembro, ao passo que palestra de Carlos Lopes teve sala relaxada. Tudo merece uma especial atenção. Estamos mal. É uma sociedade acotrobidó. Normalização do anormal. Missa na rua, blufundadi son. Mas tenhamos a fé.
Maioria dos nossos políticos não estão preparados. Mas, como coloquei, mesmo com isso tudo, é preciso acreditar. Mesmo sabendo que andamos à margem do progresso, precisamos ter algo de positivo – ACREDITAR. Os irmãos de Timor Leste, mesmo durante o brutal ataque ao cemitério de Santa Cruz, que deixou Timor em luto, souberam manter as luzes da esperança acesa. Não tem como olharmos nos olhos e garra das Mariamas, Quintas, Teresas, Marias de mercado de Bandim e não acreditar no amanhã.
Nações como Timor-leste e Ruanda são exemplos claros e práticos. É preciso que, saídos desta lamaçal, possamos encontrar governantes a altura dos desafios impostos pelas novas realidades. As agendas internacionais parecem ser incompatíveis com os modus operandis governamental guineense.
Que nenhum guineense desista! Resistência, coragem e perseverança, como fora  durante os idos anos 60, realidade retratada através de músicas de Nfámara Mané e José Carlos – um antídoto para dor da guerra e mágoa de colono. Tenhamos a esperança ika tem quinti cu cata fria.
“Não vamos perder por esperar”, defende o compatriota, Carlos Lopes


GUINENDADE-ODEMOCRATA
Por: Tamilton Teixeira
Estudante de sociologia
UNILAB Ceara/ Brasil

1 comentário:

  1. MBOM, COM "BLUFUS" SUMA JOSÉ MÁRIO VAZ MAIS OS 15 DJANKADINS É DIFÍCIL TER A ESPERANÇA E MUITO MENOS A FÉ!!!

    SE QUEREMOS RENOVAR A NOSSA ESPERANÇA E FÉ NUMA GUINÉ-BISSAU MELHOR, ENTÃO VAMOS CHAMAR E ELEGER CARLOS LOPES COMO PRESIDENTE DA REPÚBLICA NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS, PONTO!!!

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