O líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, responsabilizou hoje o Presidente guineense, José Mário Vaz, pela prisão do veterano da luta pela independência, "Manecas" dos Santos.
"Primeiro, é a concretização de uma ameaça que havia sido feita. O Presidente da República referiu-se claramente na receção que deu a uma entidade da sociedade civil, que o problema era a minha `entourage`, pessoas tidas como próximas de mim, e que provavelmente seriam objeto da próxima carga. Estamos perante esse facto", afirmou Domingos Simões Pereira.
O veterano da luta armada pela independência da Guiné-Bissau tinha sido ouvido, há cerca de um mês, pelo Ministério Público, na capital guineense, para esclarecer as suas declarações sobre a iminência de um golpe de Estado no país.
Em entrevista ao jornal português Diário de Notícias, no passado mês de abril, "Manecas" dos Santos defendeu ser possível que venha a acontecer um novo golpe militar na Guiné-Bissau devido à situação de impasse político que se vive no país há cerca de dois anos.
"O comandante Manecas foi detido numa clínica. Portanto, o seu estado de saúde, a garantia da sua condição de vida não pesou na decisão de o prender. Temos indicações, que ainda conseguimos comprovar, mas temos dados que estão a ser analisados, que dão conta que o diretor da clínica teria sido convocado à PJ e que depois de horas de interrogatório terá recebido indicações de declarar alta do comandante para ser preso", sublinhou Domingos Simões Pereira.
Para o presidente do PAIGC, a prisão de Manecas dos Santos constitui um processo de natureza política, visando silenciar um adversário.
"Tudo isto configura exatamente a ameaça que o Presidente da República já tinha feito, dizendo que os que são da sua oposição, aos que ousam ter uma opinião diferente do Presidente da República, ele reservava-se ao direito de prender, de torturar, de matar se for necessário", disse Domingos Simões Pereira.
O presidente do PAIGC disse também que ao mandar deter Manecas dos Santos, o Presidente guineense estará a tentar adiar a convenção do partido, que se vai realizar entre quinta-feira e sábado em Bissau.
O PAIGC já informou as entidades da comunidade internacional sobre o sucedido sem esperar que estes interfiram com a decisão da justiça, mas para terem em conta o estado de saúde de Manecas dos Santos, frisou Simões Pereira.
O país vive há dois anos numa situação de impasse institucional, com o afastamento do partido mais votado (PAIGC) do poder e o governo entregue a elementos da confiança do chefe de Estado.
Guinendade/Lusa
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