
De regresso a este Chão Guineense, deixo aqui o discurso de encerramento que proferi a convite da Comissão Organizadora do Simpósio Internacional "Enfrentar o Passado para Construir a Guiné-Bissau de Amanhã" que decorreu na Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau no dia 10 de Fevereiro.
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Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Dr. José Mário Vaz
Dr. José Mário Vaz
Exmo. senhor Presidente da ANP da GB,
Eng. Cipriano Cassama
Meritíssimo Rep do STJ
Distintos Deputados e Membros do Governo,
Estimados e respeitados Reverendíssimo Padre Domingos da Fonseca,
Aladje Mamadou Baldé,
e Pastor Caetano Indami,
Distintos e estimados Membros do Corpo Diplomático e do sistema integrado das Nações Unidas
Eng. Cipriano Cassama
Meritíssimo Rep do STJ
Distintos Deputados e Membros do Governo,
Estimados e respeitados Reverendíssimo Padre Domingos da Fonseca,
Aladje Mamadou Baldé,
e Pastor Caetano Indami,
Distintos e estimados Membros do Corpo Diplomático e do sistema integrado das Nações Unidas
Distintos convidados,
Permita-me dirigir a Vossa Excelência, Senhor Presidente da República, para lhe agradecer pela participação da Presidência da República nesta histórica iniciativa e por ter aceite a responsabilidade adicional de Presidir a Comissão de Honra da Comissão Organizadora da Conferência Nacional. A sua presença aqui como o mais Alto Magistrado da Nação só pode confirmar e realçar o seu compromisso com o projecto nacional de Reconciliação, Unidade e Paz entre os Irmãos Guineenses.
Este Simpósio foi destinado, em primeiro lugar aos delegados que estarão presentes na conferencia nacional mas este é um projeto que exige a participação de todos os atores da sociedade e, por isso, gostaria de reconhecer o papel ativo de representantes de todos os órgãos de soberania, partidos políticos e sociedade Civil.
Permita-me, Senhor Presidente, uma palavra de apreço em particular aos líderes da Comissão Organizadora da conferência Diálogo Nacional:
o Reverendíssimo Padre Domingos da Fonseca,
Aladje Mamadou Baldé
e o Pastor Caetano Indami,
Aladje Mamadou Baldé
e o Pastor Caetano Indami,
primeiros artífices do trabalho desenvolvido até aqui. O empenho, sacrifício e dedicação dos membros da Comissão, uma vez mais, ficaram provados pela organização deste Simpósio.
Saúdo em especial o sistema das Nações Unidas pelo apoio incansável aos nossos irmãos da Guiné-Bissau, e em particular a este processo tão importante, através do Fundo da Construção de Paz.
Apesar dos inúmeros conflitos sangrentos e devastadores em vários pontos do globo - Síria, Iraq, Líbia, RD Congo, Sudão do Sul, Somália, República Centro Africana, Mali, Afeganistão, Birmânia - que absorvem as atenções, energias e custos financeiros estratosféricos, a comunidade internacional tem continuado o seu engajamento e apoio aos irmãos da Guiné-Bissau.
Aos parceiros internacionais que sempre têm estado ao lado dos Guineenses, nos bons e nos maus momentos, encorajo a continuar o apoio à estabilização e ao esforços na luta contra a extrema pobreza e para o desenvolvimento sustentável da Guiné-Bissau
Aos meus amigos do UNIOGBIS posso assegurar-vos que o nosso novo Secretário-Geral Antônio Guterres não vos vai esquecer. Muitas vezes os que estão na retaguarda nas grandes metrópoles Ocidentais (Nova York, Genebra, Paris, Viena, Roma, etc) esquecem aqueles que estão na linha da frente, no terreno.
O novo Secretário-Geral é um homem do terreno, toda a sua vida foi devotada a causa dos pobres, esquecidos e sofridos; ele saberá reconhecer o vosso esforço generoso aqui na Guiné-Bissau.
O novo Secretário-Geral é um homem do terreno, toda a sua vida foi devotada a causa dos pobres, esquecidos e sofridos; ele saberá reconhecer o vosso esforço generoso aqui na Guiné-Bissau.
É visível e inegável que apesar da aparente tranquilidade e acalmia no país, em grande parte graças ao pacifismo e civismo do povo guineense, existe um clima de descontentamento, incerteza e medo, também palpável e audível.
Aqui nesta sala ouvimos repetidamente a palavra basta. Os discursos foram contundentes e comoventes com apelo ao dialogo, reconciliação, paz e boa governação.
O Senhor Presidente é o Chefe de Estado deste belo Pais, e na cultura africana, assim como na asiática, incluindo em Timor-Leste, o Chefe de Estado assume-se como pai da grande família nacional. O Presidente José Mário Vaz e o Pai de todos os Guineenses.
Apenas porque ainda é jovem pode a palavra não encaixar bem. Mas pode perfeitamente assumir esse papel, por ter sido eleito Chefe de Estado nas eleições consideradas as mais livres e transparentes dos últimos anos. Eleições que deram novas esperanças ao povo deste país.
Sei que o Presidente da República está animado da vontade de convidar todos os líderes guineenses para um encontro de irmãos debaixo do seu tecto, à sombra generosa de um orgulhoso poilão. Conversem, encontrem uma solução que sirva o país, que sirva os guineenses, pelo menos durante esta recta final, até às legislativas de Marco de 2018.
Como o tempo passa rápido! Foi ha precisamente quatro anos que primeira vez cheguei à Guiné-Bissau como Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas.
Aqui permaneci cerca de 18 meses, foram meses intensos, preocupantes, frustrantes, reconfortantes, ricos. No dia 21 de Junho de 2014 regressei ao meu País distante, que em língua malaia quer dizer "Oriente do Oriente" ou "Leste-Leste". Mais a Oriente não haverá outro País. Para lá há apenas o Infinito.
Quando eu era muito jovem queria crescer rápido e os anos não passavam e eu estava impaciente para ser adulto. Eu queria ser adulto rápido. Mas agora os anos passam demasiado rápido. A legislatura que saiu das eleições de Abril de 2014 está na recta final. As próximas eleições legislativas estão a esquina, a vista.
Todos farão o balanço dos seus mandatos e o povo se pronunciará se os actores políticos eleitos em 2014 cumpriram a grande promessa de pugnar pela paz, reconciliação, harmonia, segurança e boa governação.
Sr. Presidente da República, Irmão JOMAV, chamo-lhe irmão porque não tem idade para ser meu tio; o seu conselheiro Braima Camará é meu tio. Ontem estive com o nosso bisavô o Camarada Carlos Correia; mas esse meu bisavô de 83 anos intensamente vividos com retidão e abnegação tem mais energia que eu o bisneto.
Eu vos peço para ensinarem a este vosso, seu neto/bisneto, lições sobre como gerar consensos. Tenho de levar daqui boas lições para Timor-Leste onde vamos ter eleições presidenciais em Março e legislativas em Junho de 2017.
Tenho que levar para o "Leste do Leste" para os meus irmãos que vão disputar eleições que prometem ser renhidas lições de civismo, maturidade e solidariedade.
Para finalizar quero agradecer – e aceitar -- o amável convite da Comissão Organizadora do Diálogo Nacional para ser patrono da Comissão. Podem contar com o meu apoio.
Sr. Presidente, Vossa Excelência, a sua amada e leal esposa, toda a sua família, e todo o povo da Guine-Bissau estarão sempre nas minhas preces ao Deus Único, para que Ele, na sua bondade infinita, continue a abençoar-vos a todos com muita saúde, sapiência e prosperidade.
J. Ramos-Horta
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