O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, volta hoje a reunir-se com os partidos políticos para analisar o processo eleitoral em curso e que aumentou a tensão política no país, principalmente por causa dos atrasos no recenseamento eleitoral.
Esta é a terceira reunião convocada pelo chefe de Estado guineense e acontece no dia em que chega a Bissau uma missão ministerial da Comunidade dos Estados da África Ocidental, para analisar os preparativos para a realização de eleições legislativas, e com quem José Mário Vaz deverá reunir-se após o encontro com os partidos.
As eleições legislativas na Guiné-Bissau estavam marcadas para 18 de novembro, mas dificuldades financeiras e técnicas obrigaram ao atraso do início do recenseamento eleitoral e consequentemente ao adiamento do escrutínio, que ainda não tem nova data marcada, devendo realizar-se em 2019.
O recenseamento eleitoral tem estado envolto em polémica e aumentou a tensão política no país com acusações mútuas entre partidos políticos e o Governo.
Um grupo de partidos políticos, entre os quais se encontra o Partido de Renovação Social (segunda maior força política do país e que faz parte do Governo), apresentou uma queixa no Ministério Público por alegadas irregularidades no recenseamento eleitoral.
O Ministério Público iniciou uma investigação ao processo de recenseamento e num despacho divulgado a semana passada ordenou a suspensão dos trabalhos de recenseamento eleitoral, requisitou às forças de segurança para controlar as entradas e saídas do Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral (GTAPE) e para interditar a entrada de pessoas não autorizadas no edifício daquela instituição.
Na terça-feira, a Procuradoria-Geral da República emitiu um comunicado à imprensa no qual afirma que nunca suspendeu o recenseamento eleitoral e que apenas ordenou a suspensão dos trabalhos do servidor principal.
Em resposta ao comunicado da Procuradoria-Geral da República, o primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Aristides Gomes, pediu ao Ministério Público para libertar as instalações do Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral para que o recenseamento eleitoral prossiga.
"Se não ordenou, que deixe o pessoal do GTAPE retomar o trabalho. A sede do GTAPE é o cérebro. Se o cérebro não funciona, não estou a ver como um indivíduo pode ter reflexos, os reflexos partem do cérebro. Para ser coerente que liberte as instalações da GTAPE e que a GTAPE possa continuar o seu trabalho", afirmou Aristides Gomes.
LUSA
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