Adeus Cidade Maravilhosa!
Está na hora de fazermos as malas para a viagem de retorno a terra mãe. Mais uma despedida. Desta vez de Azerbajão, Ou melhor, “terra dos ventos”, como os anais da história dos descobrimentos baptizaram a capital deste país situado algures no Cáucaso nas proximidades dos Montes Bálcãs.
No nosso manual de recordações, este antigo colonato da extinta União das Repúblicas Socialista Soviéticas (URSS), com cerca de 10 milhões de habitantes, não se resume as referencias a Medalha de Ouro da surpreendente Jessica ou de mais uma Bronze do persistente Mbunde. Fica o registo de termos conhecido o 58º país do mundo, nessa nossa aventura, própria da profissão ou de ossos do ofício. E que já nos conduziu concomitantemente a mais de 120 cidades. Um autêntico vaivém pelo mundo. Como jornalista. Como funcionário das Nações Unidas. E hoje, na pele de dirigente desportivo.
Foram muitas milhas a voar e acto continuo a aterrar e visitar meio mundo. Da África a Europa. Da Europa a America. Da Ásia a Oceania. Um privilégio ou, se calhar, uma benção que Deus nos deu nessa vida de “homens de barba rija”... Para frequentar centros urbanos dos loucos e agitadas como Lagos, Nairóbi, Dubai, Madrid, Paris e São Paulo. Para descobrir cidades históricas como Gore (Senegal), Alexandria (Egipto), El Jadida (Marrocos), Brindisi (Itália), Haia (Holanda), Hamburgo (Alemanha). Para pisar santuários como Meca, Istambul, Fatima, etc.
Hoje, folheamos uma nova página do capítulo da nossa aventura: Baku, a capital que nos recebeu de coração e de braços abertos, enquanto hóspedes dos IV Jogos de Solidariedade Islâmica. Esta cidade maravilhosa de cerca de 3 milhões de habitantes nos impressionou! Fascinou-nos!!! Pela beleza e imponência dos seus edifícios públicos. Pelas infraestruturas rodoviárias. Pelos parques, jardins verdejantes e outros espaços de lazer. Pelos prédios cristais. Pelos arranha-céus. Pela extensa marginal do rio que banha a cidade. Pelo saneamento! Huuffff!!! E nisso, Baku pode ser catalogado de “Suíça da Europa de Leste” , sendo que em outros aspectos os parâmetros de comparação são exíguos quando referimos as cidades helvéticas e outras grandes cidades europeias. Na organização e segurança. Na simpatia das pessoas. No respeito e impatia pelos estrangeiros.
Após mais de 60 anos sob a administração de Kremlin, este país que foi erguido na determinacao e no ideal da ditadura do proletariado e da democracia progressista ou revolucionaria, mantém-se fiel ao legado do comunismo ou socialismo no que tange aos aspectos e traços positivos. Na obediência e subserviência ao Estado. Na humanização do trabalho. Nos conceitos da competência, ciência e excelência como porta-estandarte do desenvolvimento. Na cultura como factor de socialização e de exaltação dos valores para vencer o paradigma de globalização. Na religião como culto de dissertação e da profecia da fé como elementos fundamentais para a paz e do bem-estar na família.
Hoje, em pleno século vinte e um, e com as mudanças dele decorrentes na conduta do cidadão anônimo em muitos países do leste, embebedados com ideiais da burguesia e do capitalismo, o azeri aceita a inovação como caminhos para a sua evolução e progressão, mas conserva a cultura de boa convivência. O império da Lei está presente e vincado em tudo, o que, todavia, não subvaloriza as normas de trato social no relacionamento humano.
E os mais de 4 mil participantes nos IV Jogos de Solidariedade Islâmica sentiram este lado afectivo do cidadão comum azerbajanes. No sorriso dos homens e das mulheres. No pedido de um autografo e de uma “pouse” para fotografia. No ola das crianças. No cavaqueio com os polícias e seguranças. Na disponibilidade e voluntariedade dos Assistentes. São esses valores conjugados que fizeram passar a velocidade atômica os cerca de 15 dias que pernoitamos na Aldeia Olímpica. Esta infraestrutura desportiva gigantesca que, com tantos outros como o Estádio Olímpico, o Centro de Natação, o Centro de Ginástica e a Arena da Luta dão estampa a cidade de um país emergente, que pretende projectar no desporto a imagem de um dos destinos mais fascinantes, sugestivos e atractivos do Planeta.
O desporto, enquanto elemento social de aproximação povos e de atracção do universo, tem constituído uma aposta das autoridades de Azerbajão para dar mais visibilidade a este pais que antes da Perestroica ou o derrube do muro de Berlim não passava de um território no anonimato. Porem, o Mundial de Sub-17 realizado em 2013 e os Jogos Europeus organizados em 2014 deram o mote para Azerbajão acolher este grande evento continental que são os IV Jogos da Solidariedade Islâmica. O cair do pano sobre esse evento foi marcado pelo apagão no simbólico Estádio Olímpico. Isso, depois de uma noite memorável, com luz, cor, música e fogo-de-artifício. Celebrava-se a passagem de testemunho para a vizinha Turquia, que ira acolher os Jogos Islâmicos de 2021. Ao mesmo tempo, Baku se despedia dos representantes de cerca de 55 países que marcaram presença no certame.
Enquanto as delegações estão em romaria para o aeroporto, nas principais avenidas e ruas da cidade começa a ser desenrolado o tapete vermelho para as honras e boas vindas aos hóspedes que chegarão dos 4 cantos do mundo para assistir, de 23 a 27 de Junho de 2017 o Grande Prémio da Formula-1. Toda a operação já está montada, com a instalação de tribunas nas principais vias da cidade. Com a ornamentação dos locais públicos e a exposição das marcas patrocinadoras deste desporto de elite.
Para nós, o fim desta epopeia inesquecível na “Cidade dos Ventos”. Quem sabe, se um dia estaremos de volta para sentirmos a lufada do ár fresco destilado pelo perfume desses ventos fortes da cidade maravilhosa: Baku? E, se assim for, ficaríamos radiantes em redescobrir este paraíso algures na Europa de Leste.
Bye Bye Azerbajao !!! Sagol Azerbaycan !!!
Por: Muniro Conte, Jornalista
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