Uma auditória mandada fazer pelo Governo ao Fundo de Promoção da
Industrialização dos Produtos Agrícolas (FUNPI), na Guiné-Bissau revelou "fortes indícios de má gestão" de parte dos 16 milhões de euros
gerados pelo fundo.
A auditoria, mandada fazer pelo Governo do ex-primeiro-ministro
Domingos Simões Pereira, demitido em agosto de 2014, foi hoje tornada
pública, numa cerimónia sem a presença do atual executivo.
Um responsável da auditora KPMG, contratada para executar a análise
ao Funpi, concluiu que, do exercício feito às contas do fundo, entre
2011 a 2014, várias somas de dinheiro foram mal utilizadas ou aplicadas
sem justificação.
O Funpi, uma taxa cobrada aos operadores do setor do caju, principal
produto de exportação do país, gerou um fundo de cerca de 16 milhões de
euros, entre 2011, ano da criação do fundo, e 2014, altura em que o
Governo ordenou a sua suspensão.
Segundo a auditoria, ocorreram "várias anomalias ou mesmo ausência
total de regras" na utilização do fundo, cogerido entre os ministérios
das Finanças e do Comércio, em representação do Governo, e a Camara do
Comercio, Indústria, Agricultura e Serviços (CCIAS).
Várias instituições públicas e privadas são citadas na auditoria como
beneficiárias do dinheiro do Funpi, nomeadamente o Governo, a CCCIAS e o
Instituto Nacional de Pesquisa Agrária (INPA).
Presente na cerimónia da apresentação pública dos resultados da
auditoria, o presidente do INPA, Simão Gomes, disse ter sido apanhado de
surpresa pela informação uma vez que, frisa, "em nenhum momento" o
instituto que dirige recebeu ou levantou nalgum banco o dinheiro citado.
A auditoria refere que o INPA beneficiou, através de uma operação
bancaria, de 100 milhões de francos CFA, cerca de 66 mil euros.
O Funpi tinha como principal objetivo promover a industrialização e
transformação de produtos agrícolas no país, nomeadamente o caju, em vez
de a totalidade do produto ser vendido, em estado bruto, para a India.
Depois de tomarem conhecimento dos resultados da auditoria ao Funpi,
alguns empresários falam em "crime económico" que, dizem, deve ser
esclarecido na justiça para que os autores possam ser castigados,
defendem.
A auditoria também revela ter tido dificuldades em aceder a todos os
documentos para "uma melhor análise" à gestão do Funpi, tendo acusado
dois bancos comerciais em Bissau e algumas instituições de se terem
recusado a entregar elementos de provas ou peças justificativas.
BRAIMA CAMARÁ É O
ROSTO INCONTORNÁVEL
DOS DESVIOS DE BILIÕES
DO DINHEIRO DO FUNPI
Silvino
segunda-feira, 15 de maio de 2017
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