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quinta-feira, 4 de maio de 2017

OPINIÃO BRAIMA DARAME:NOVO GOVERNO NA GUINÉ-BISSAU???



A Guiné-Bissau poderá bater um novo record na era José Mário Vaz na presidência da República, de ter tido seis governos, cinco primeiros-ministros, 91 ministros, 69 secretários de Estado, num total de 160 membros de todos os governos empossados por José Mário Vaz, em três anos no exercício das funções de Chefe de Estado guineense.

Depois dos governos de Domingos Simões Pereira, Baciro Djá, por duas vezes e Carlos Correia, o atual executivo liderado por Umaro Sissoco poderá mesmo ser mais uma vítima dos decretos de exoneração assinados por José Mário Vaz, apesar de o chefe de Estado ter dito que será o último governo da legislatura, não só devido à pressão da CEDEAO, mas também, por um alegado mal-estar entre o Presidente e o primeiro-ministro. 

As evidências provam que as relações institucionais e pessoais entre Sissoco e Mário Vaz, não são das melhores tendo nas últimas semanas chegado ao ponto de o Presidente cortar qualquer tipo de comunicação com o chefe de Executivo. Sabe-se que Jomav tem-se recusado a receber Sissoco em audiência, precisam fontes cruzadas em Bissau. 

Observadores atentos notam que o chefe de Estado se ausentou deliberadamente da cerimónia de inauguração dos barcos que farão ligações entre Bissau e as ilhas porque no mesmo evento estaria o primeiro-ministro. O Presidente só se deslocou ao porto de Bissau no dia seguinte. Durante a sua rápida visita aos navios e às duas vedetas de fiscalização da zona económica exclusiva do mar guineense, José Mário Vaz foi acompanhado pelo Ministro dos Transportes, Fidelis Gomes, e do Interior, Botche Candé. Foi a vez de Umaro Sissoco se ausentar.

As últimas declarações públicas do primeiro-ministro sobre religião e etnia terão caído muito mal nos ouvidos do Presidente Jomav. Sissoco disse, por várias vezes, tanto na imprensa nacional como na internacional, que está a ser fortemente contestado por ser muçulmano e fula. Desde então tem aparecido publicamente com as roupas muçulmanas e lenços enrolados na cabeça para mostrar a sua identidade etno-cultural. 

Alberto Nambeia, líder do Partido da Renovação Social disse, em Mansoa, que os políticos que recorrem à divisão étnica para poderem reinar não gostam da Guiné-Bissau e sublinha que nunca existiu divisão étnico-religiosa no seio do povo guineense. O líder do PRS, manifestou ainda apoio a qualquer solução benéfica para o fim da crise política no país.

Como se não bastasse, após ter reunido com a missão de alto nível da CEDEAO que esteve de visita ao país, Umaro Sissoco disse aos jornalistas que se for para o bem do país estaria disposto a demitir-se das suas funções. Fontes da presidência confirmam que essas declarações deixaram o Presidente perplexo, ao ponto de ponderar avançar com o processo de exoneração do atual líder do governo.

É neste sentido, indicam fontes oficiais, que o Presidente da República viajou para os países da sub-regiao, nomeadamente para informar aos chefes de Estados desses países da sua intenção de demitir o governo de Sissoco. José M.Vaz foi para os países cujos Presidentes são seus amigos em comum com o primeiro-ministro. 

Na República do Congo, José Mário Vaz terá solicitado Denis Sasso Nguesso a convencer Sissoco a demitir-se das suas funções.

No regresso ao país, em curtas declarações aos jornalistas no aeroporto de Bissau, 12 segundos, e sem direito a perguntas, José Mário Vaz, disse ter visitado "alguns países amigos" no âmbito das relações de cooperação. E como se sabe o Presidente não é governo para discutir projectos de cooperação com homólogos nesta altura do campeonato.

Outro motivo pelos quais José Mário Vaz pretende demitir Sissoco, segundo um conselheiro do chefe de Estado, é o facto dele ter prometido ao Presidente de pés juntos que se fosse nomeado primeiro-ministro abriria o parlamento e teria os dois principais instrumentos de governação aprovados. Passados largos meses, nada nesse sentido foi feito e a situação política tende a piorar-se. E em cada dia que passa a popularidade do Presidente está a baixar, aparentando ser ele o principal responsável pela crise vigente.

Fontes próximas de atual primeiro-ministro contactadas pela rádio jovem foram unânimes em afirmar que não faz sentido José Mário Vaz demitir Sissoco e que tudo não passa de uma especulação da oposição. Acreditam que Sissoco vai terminar a legislatura e que existe uma boa relação entre os dois.

Botche Candé, ministro de Estado e do Interior, atual testa de ferro do Presidente disse, num discurso na Região de Biombo, na última etapa da presidência aberta no interior do país, que o Presidente da República vai cumprir com as directrizes do Acordo de Conacri e congratulou-se com o comunicado final da missão da CEDEAO. 

Recorde-se que o presidente da Comissão da CEDEAO reiterou por várias vezes que José Mário Vaz violou o acordo de Conacri ao nomear Umaro Sissoco primeiro-ministro, alegando que Augusto Olivais foi escolhido como sendo o nome de consenso para ser nomeado. Alegações prontamente refutadas pelo PRS e o governo liderado por Umaro Sissoco. Sissoco disse que Marcel de Souza mentiu e que o mediador da CEDEAO para a crise guineense, Alpha Condé, Presidente da Guiné-Conacri não quer que ele ocupe o cargo de  primeiro-ministro por ser da etnia fula. Outro assunto que não terá agradado ao Presidente Jomav.

Há vários meses que o Presidente da República faz declarações aos jornalistas, evitando responder às questões colocadas pelos media sobre o estado da nação que dirige. 

Analistas levantam várias questões entre as quais, será que José Mário Vaz vai demitir o atual governo e nomear uma mulher para o cargo de primeiro-ministro, tal como se desenha ou irá avançar com o nome de Augusto Olivais? Há quem diga que é desta vez que se vai dissolver o parlamento e formar um governo de iniciativa presidencial.

No seu périplo pela sub-regiao, José Mário Vaz terá apresentado a proposta de nomear, Isacc Monteiro, Filomena Tipote ou Mamadu Fadia para o cargo de primeiro-ministro. O chefe de Estado entende que a implementação do acordo de Conacri, no atual contexto, seria extemporânea pelo que poderia indicar um novo primeiro-ministro. PAIGC e PRS seriam chamados a formar um novo governo de unidade nacional.

Uma Missão da CEDEAO esteve a semana passada em Bissau para avaliar o cumprimento do Acordo de Conacri e deu um mês (até 25 de Maio) para a sua integral implementação, sob pena de impor sanções aos políticos que o inviabilizem. 

Quatro dos cinco partidos com assento parlamentar não reconhecem o atual Governo que dizem ser de iniciativa do Presidente José Mário Vaz, e a quem exigem que demita o primeiro-ministro guineense, Umaro Sissoco Embaló.

José Mário Vaz pretende concluir a sua presidência aberta em Bissau. Depois, fará uma comunicação oficial ao país sobre o que viu nas regiões, entregará dossiês ao governo e depois avançará com auscultações às forças vivas da nação. 

Os próximos dias prometem e muito.

Braima Darame

04.05.2017

2 comentários:

  1. O Homem com mais sorte na Guiné Bissau é o senhor José Mário Vaz, que chegou ao poder de uma forma fácil sem grande sacrifício como por exemplo o malogrado ex-presidente da República Malam Bacai Sanha que lutou tanto para chegar no lugar do primeiro magistrado da nação e quando lá chegou a morte lhe tirou a vida.O José Mário Vaz não soube aproveitar a tanta oportunidade que tem,tinha tudo,tinha caminho livre para percorrer e fazer o seu segundo mandato sem obstáculos nenhum mas estragou tudo e agora?

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  2. Braima darame força no seu trabalho

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