Chega a ser inexplicável que, tudo aquilo que da certo nos outros países nunca da certo na Guiné-Bissau. Continuamos a viver num país onde reina o caos e a lei não é respeitada até mesmo pelo primeiro magistrado da nação.
Vou tentar fazer uma análise sem paixão para um lado ou para o outro. Mas não posso deixar de reconhecer logo a partida que quando se retira o poder a um partido que ganhou e entrega-se a quem não ganhou estamos a desvirtuar as regras.
Uma
das questões mais estudadas pelos economistas e por outros cientistas
sociais é por que algumas nações conseguem alto desenvolvimento
econômico, enquanto outras patinam em atraso e baixo nível de bem-estar.
Sabe-se que a primeira condição para um país sair do atraso e oferecer
elevado padrão de vida a seu povo é o tamanho da renda anual por
habitante, a conhecida renda per capita. A segunda condição está
relacionada ao modo como a renda nacional é distribuída entre seus
habitantes. A terceira condição é que o governo consiga construir
infraestrutura física suficiente para suportar o crescimento do produto e
oferecer serviços públicos universais e de boa qualidade.
Quanto à
primeira condição, uma nação tem possibilidade de atender
satisfatoriamente a todos os itens de bem-estar para toda sua população
com uma renda per capita de US$ 20 mil/ano. Com renda nessa faixa, os
componentes de bem-estar (alimentação, moradia, transporte, saúde,
saneamento, educação, previdência, segurança e lazer) podem ser
atendidos em um nível elevado. Mas, embora a renda por habitante seja
condição necessária, ela não é suficiente.
A segunda condição é
que a renda seja distribuída de forma a tornar pequena a desigualdade
entre os que estão no topo da pirâmide social e os que estão na base –
ou seja, que todos os que ganham menos tenham o suficiente para um bom
padrão de vida. Nessa equação, a terceira condição tem um papel
importante. Trata-se de como o governo se comporta em termos de
investimentos em infraestrutura e oferta de serviços públicos.
A Guiné-Bissau esbarra nas três condições, pois aqui todas são insuficientes
para colocar a sociedade no clube dos em vias de desenvolvimento. A Guiné-Bissau desde a independência não conseguiu avanço em nenhuma dessas condições e o caminho de bem-estar para todos os seus habitantes está cada vez mais ameaçado.
O
padrão de vida médio na Guiné-Bissau é inferior a qualquer outro país da CEDEAO. A renda ainda é muito mal distribuída entre a população. A pirâmide inverteu-se em termos de valores neste país. Além disso, a população de pobres
representa 55% do total de habitantes e os
classificados como extremamente pobres representam 25% .
O quadro social acaba sendo piorado porque a terceira
condição (oferta de infraestrutura e serviços públicos pelo governo)
não existe na realidade. O governo não dá conta de fazer os
investimentos em infraestrutura nem oferece serviços públicos de
qualidade. A máquina estatal é inchada, o sistema político é corrupto, a
operação governamental é ineficiente, a carga tributária é alta e mal
formulada e temos o exemplo do FUNPI, e o bem-estar social é prejudicado.
O país ainda é
muito pobre e a legião de pessoas vivendo na pobreza e em péssimas
condições é muito grande. Identificar os motivos de as três condições
não serem cumpridas não é tarefa fácil. Alguns estudiosos atribuem o
atraso guineense a causas antropológicas (a origem e a cultura da
população), a raízes sociológicas (a estrutura da sociedade guineense,
seus usos e costumes), a razões políticas (os vícios do sistema de
governo e o apodrecimento moral das instituições) e a causas econômicas
(a cultura estatizante ).
Apesar de haver divergência de análise e interpretação sobre as razões
do atraso e também de serem várias as propostas de solução para que o
país consiga enriquecer antes de envelhecer, há um tema que é consenso: a
necessidade de revolucionar a educação em todos os níveis, sem o que o
desenvolvimento torna-se quase impossível.
Apesar disso, chega a
ser inexplicável que, em plena segunda década do século 21, conhecidas
todas as tecnologias e políticas educacionais que já deram certo em
outros lugares do mundo, a Guiné-Bissau continue com um sistema educacional
colonial onde a história que se ensina aos nosso míudos é o dos reis portugueses e não se fala nada da luta d elibertação nacional. É ainda um sistema caótico e pouco eficiente. Sem educação de qualidade para todos, sem
desenvolvimento científico e sem inovação tecnológica, a saída do atraso
e da pobreza é tarefa praticamente impossível.
David
0 comentários:
Enviar um comentário