O presidente do Partido de Renovação Social (PRS), Alberto Nambeia, criticou hoje a forma como o recenseamento na Guiné-Bissau está a decorrer e afirmou que o tempo é de diálogo para se realizarem eleições legislativas rapidamente.
"Desta vez iniciamos o processo com um recenseamento turbulento, que é contestado em todos os quadrantes, tanto interna como externamente. Toda a gente questiona a forma como decorre o recenseamento", afirmou em entrevista à Lusa o presidente do PRS.
Segundo Alberto Nambeia, líder da segunda maior força política da Guiné-Bissau e que integra o atual Governo em funções, é preciso "pensar bem sobre o que deve ser feito para melhorar" o processo eleitoral.
"É bom que haja um entendimento entre nós para que façamos um recenseamento limpo para quem ganhar as eleições possa merecer a confiança de todos nós, para que, desta vez, acabemos com a turbulência no país", salientou.
O processo eleitoral para as legislativas, marcadas para 18 de novembro na Guiné-Bissau, tem sido bastante criticado pelos partidos políticos e pela sociedade civil, principalmente o recenseamento, que começou atrasado a 20 de setembro.
Recentemente, o Governo anunciou o que o recenseamento eleitoral se deveria prolongar até 20 de novembro e terminar dois dias depois da data marcada para a realização das legislativas, que têm ter de ser adiadas.
Questionado pela Lusa sobre o que deve ser feito para mudar o atual cenário de desconfiança, Alberto Nambeia disse que as "pessoas se devem sentar e dialogar" e que o mais importante não é encontrar culpados, mas uma "fórmula para corrigir" o problema, para que o processo decorra da "melhor maneira".
"Este processo é de todos nós, independentemente de quem vier a ganhar (as eleições). Devemos contribuir todos para que o processo seja transparente", disse, salientando que se tivesse a responsabilidade de organizar um recenseamento iria trabalhar em nome da Guiné-Bissau e não de um partido.
O primeiro-ministro guineense, Aristides Gomes, disse terça-feira que entregou três cronogramas com datas possíveis para realizar legislativas ao Presidente guineense, José Mário Vaz, nomeadamente a 16 e 30 de dezembro, com encurtamento de prazos previstos na lei, e a 27 de janeiro, com o cumprimento da lei de recenseamento.
Sobre qual a melhor data para a realização das eleições, Alberto Nambeia disse não se querer aventurar e que vai esperar ser chamado enquanto partido pelo Presidente guineense para dar a sua opinião.
"Nós estamos preparados para ir a eleições, contrariamente ao que ouvimos falar. Estamos preparados mesmo que seja hoje, desde que todos os guineenses estejam recenseados, estejam na posse de um cartão de eleitor credível, sem qualquer dúvida", afirmou.
Para o PRS, segundo Alberto Nambeia, o importante é que "as eleições sejam realizadas o mais rápido possível, mas com toda gente recenseada e que seja num processo credível para que não haja problemas amanhã".
Na entrevista, Alberto Nambeia, que raramente fala à comunicação social, sublinhou também que na Guiné-Bissau a "lei é clara e não dá lugar a desavenças".
Questionado sobre eventuais consensos e coligações após a realização de legislativas, Alberto Nambeia defendeu a assinatura de um pacto de estabilidade.
"Quem vencer que convoque toda a gente, porque na democracia ninguém ganha tudo. Mesmo que o PRS ganhe as eleições vamos chamar valores nacionais, todas as competências nacionais para governar o país para acabarmos com esta situação", afirmou.
Sobre o cabeça-de-lista para as eleições legislativas, Alberto Nambeia escudou-se nos estatutos do partido.
"Os estatutos do nosso partido dizem que quem conduz o partido, cabeça-de-lista para as eleições legislativas é o presidente do partido, nas presidenciais também", disse.
Lusa
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